São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Fernando Henrique é alvo do livro
FERNANDO DE BARROS E SILVA
Há várias menções a FHC no livro. A mais comprometedora, segundo a ótica dos autores, é a inclusão de seu livro clássico, "Dependência e Desenvolvimento na América Latina" (1967), escrito em parceria com Enzo Faletto, entre as dez obras que mais "comoveram o idiota latino-americano". Em três páginas e meia, os autores procuram desqualificar o livro de FHC -como eles próprios reconhecem, um sucesso internacional, tendo vendido apenas no México nada menos que 26 edições. Com a truculência e a ligeireza analítica que convém a um panfleto, os autores escrevem que FHC entendia a sociedade como "um arranjo mecânico de vontades, onde não há espaço para o acaso, os indivíduos ou as paixões irracionais, nem há qualquer indício de liberdade individual na tomada de decisões". E concluem: "Toda a obra está atravessada por essa maneira mecanicista e reducionista de entender o devir histórico". FHC poderia facilmente refutá-los, já que a teoria da dependência é mais ou menos o oposto do que eles dizem. Mas as coisas não ficam por aí. Na tentativa de salvar o presidente ao mesmo tempo em que condenam o sociólogo, os autores dizem: "É muito provável, levando-se em conta seu programa de governo, que, nos 30 anos transcorridos entre a redação do livro e sua vitória eleitoral, FHC tenha mudado profundamente sua maneira de entender a realidade econômica latino-americana". Outro erro. O presidente, não importa o que faça como político, tem mostrado em seus discursos (como o do México, em fevereiro último) que continua pensando exatamente o que pensava há 30 anos. O índex do qual faz parte o livro de FHC é encabeçado pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano, com seu livro "As Veias Abertas da América Latina", definido pelos autores do "Manual" como "a 'Bíblia' dos idiotas". Além dele, foram para o pelourinho "O Homem Unidimensional - A Ideologia da Sociedade Industrial", do filósofo alemão Herbert Marcuse, "Para uma Teologia da Libertação", do peruano Gustavo Gutiérrez, "Para Ler o Pato Donald", de Ariel Dorfman e Armand Mattelart, e "A Guerra de Guerrilhas", de Che Guevara, entre outros. Texto Anterior: "Aída" tem apresentações gratuitas Próximo Texto: Protagonista de "Basquiat" chega a SP na terça-feira Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |