São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996
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Ministro do apartheid é absolvido

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ex-ministro da Defesa da África do Sul Magnus Malan foi absolvido ontem das acusações de assassinato, tentativa de assassinato e conspiração durante o regime de segregação racial (1948-94).
Malan era suspeito de ter ordenado um ataque contra ativistas dos direitos dos negros em 1987, em que morreram 13 pessoas.
A sentença surpreendeu os sul-africanos. Para acalmá-los, o presidente do país, Nelson Mandela, pediu à população para aceitar a decisão da Justiça.
O presidente sul-africano também prometeu que as atrocidades cometidas durante o apartheid vão continuar sendo investigadas.
Inocentados Além de Malan, outras 15 pessoas foram a julgamento pelas mesmas acusações. A Suprema Corte de Durban, no sul do país, absolveu todas elas.
Segundo o juiz Jan Hugo, o massacre de 1987 "sem dúvida" foi executado por membros do Partido da Liberdade Inkatha (zulus) treinados em acampamentos secretos do Exército. Mas não necessariamente pelos seis negros que estavam no banco dos réus.
Para o juiz sul-africano, a acusação não conseguiu provar o envolvimento dos suspeitos na ação.
O julgamento, que durou quase sete meses, foi o mais importante no país. A promotoria queria mostrar a implicação da polícia e do Exército nas atrocidades políticas durante o apartheid.
O último presidente branco da África do Sul, Frederik de Klerk, condenou o juízo. "Esse foi um julgamento que jamais deveria ter acontecido." De Klerk era líder do Partido Nacional no mesmo período em que Malan, também do PN, foi ministro.
Agradecimento Após ouvir a sentença, Malan agradeceu ao presidente Mandela. "Graças a ele (Mandela) tivemos a chance de nos defender", disse.
O ex-ministro sempre foi considerado um defensor extremista da minoria branca no país.
O atentado de KwaZulu-Natal, em 1987, foi uma atrocidades realizadas da "era do apartheid".
Mas, segundo analistas políticos, serviu como um teste para ver se líderes de Estado podem ser responsabilizados por motivação política enquanto estavam no poder.
Os analistas respondem: "Não". Apesar das promessas de Mandela de procurar os culpados.
Mais de 14 mil pessoas morreram desde o final da década de 80 na Província de KwaZulu-Natal, envolvidas na luta entre partidários do Inkatha e membros do Congresso Nacional Africano (CNA), atual partido governista.

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