São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Adversário mergulha em crise

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O Fluminense que o Corinthians enfrenta hoje é um time destroçado e um clube mergulhado em uma de suas maiores crises financeiras e institucionais.
Embora ninguém afirme explicitamente, até uma derrota que não seja por goleada será um alívio.
Na defesa, há inexperiência: Vaguinho, Amarildo e Jorge Luiz são recém-saídos dos juniores.
No ataque, os dois titulares e os três primeiros reservas estão contundidos ou suspensos.
Zé Cláudio, o quarto reserva, será o único atacante -o técnico Cláudio Duarte escalou cinco meias para fortalecer a defesa.
O mais tradicional clube da elite carioca acumulou vexames nas últimas semanas.
No primeiro treino dirigido por Cláudio Duarte, o exercício planejado por ele foi inviabilizado porque só havia cinco bolas, todas ovais de tão usadas.
Antes, a equipe treinava de manhã e à tarde. Agora, só treina em um turno. Motivo: muitos jogadores moram no subúrbio e vão de ônibus para o estádio das Laranjeiras, na zona sul.
O clube alega não ter como oferecer almoço e aposentos para os atletas descansarem. A saída encontrada foi treinar menos.
O salário dos que ganham menos está entre dois e três meses atrasado, dependendo do jogador.
Há cerca de dez atletas que não recebem nada desde abril, de acordo com o meia Luís Henrique, ex-titular da seleção brasileira.
A dívida do Fluminense se aproxima de US$ 20 milhões. Na segunda-feira, os 11 vice-presidentes renunciaram. Até ontem, o presidente Gil Carneiro de Mendonça não tinha encontrado substitutos.
Em todos os jogos nas Laranjeiras, Carneiro de Mendonça é vaiado pelos torcedores.
Ele só conheceu pessoalmente Cláudio depois que o treinador estava há três semanas no cargo.
"Sou velho para a presidência", tem afirmado o dirigente, de 71 anos. Ele diz estar no clube por ter um projeto secreto para que no ano 2000 o Flu volte a ser grande.
Em sintonia com a decadência, a equipe está em 20º lugar entre as 24 equipes do Brasileiro. Não venceu nenhum jogo fora de casa. Tenta não cair para a segunda divisão.
Na sala de imprensa, há uma foto dos bons tempos do clube: o jornalista e dramaturgo tricolor Nelson Rodrigues batendo à máquina, como fazia para exaltar em crônicas os feitos da equipe.

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