São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Suassuana volta com sua 'aula-espetáculo'

Frateschi interpreta texto baseado na 'Divina Comédia'

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Ano passado, poucos espetáculos alcançaram o espetáculo que foi Ariano Suassuna, sozinho no palco, contando história, declamando poesia, cantando e até dançando -esta última ação ao lado de Antônio Nóbrega e do diretor de novelas Luís Fernando Carvalho, saídos da platéia.
Este fim de ano tem mais "aula-espetáculo" do autor paraibano, é o que garante o discípulo Antônio Nóbrega. Ariano Suassuna está programado para o mês de novembro no teatro Brincante, o mesmo que lotou no ano passado -desta vez, para "aulas-espetáculos" completas.
Não mais o dramaturgo sozinho, apoiado em algumas poucas gravuras ou livros, mas a companhia toda, trazida de Pernambuco.
Em especial, os músicos do novo movimento que Suassuna, idealizador do Armorial nos anos 70, criou para os 90: o movimento romançal, sempre de resgate das raízes ibéricas nordestinas.
Junto com as "aulas-espetáculos" vêm uma peça de teatro, propriamente -ou quase. "Tortura de um Coração", com o grupo Sarça de Horeb, é um espetáculo de mamulengos, de autoria do mesmo Suassuna, mas adaptado para atores. Não mais bonecos, fantoches, mas intérpretes -e sempre com a mesma picardia, a mesma sátira popular do autor.
Elias Andreato é ele próprio um dos atores de maior sensibilidade e talento do teatro paulistano e já trabalhou com edição dramática de textos em seu maior espetáculo, "Van Gogh", há três anos. Desta vez, escreveu ou adaptou a peça com base, em particular, na "Divina Comédia" de Dante.
Celso Frateschi foi intérprete de Hamlet nos anos 80. Na primeira metade dos 90, dividiu-se em montagens comerciais e clássicas -como uma versão de "Ifigência em Áulis" ao lado de Edith Siqueira, espetáculo que marcou todo o período. Como o poeta Dante, agora, não deve fazer feio.

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