São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996
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Coma foi aprofundado com remédios

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cláudia Liz chegou à CTI do hospital Albert Einstein no último dia 8 em estado de "coma leve", de acordo com informações fornecidas pelos médicos.
O coma foi "aprofundado" com a ajuda de medicamentos, de forma a diminuir a atividade cerebral. Nesse estado, o cérebro consome menos oxigênio e o tecido encefálico está protegido.
A indução com remédios impede que se saiba se o paciente está em coma decorrente do trauma sofrido ou se está desacordado em consequência dos medicamentos.
No caso da modelo, quando os médicos suspenderam a medicação, na madrugada do sábado, constataram que ela recuperava os reflexos. O coma profundo, portanto, era provocado pelos medicamentos.
Isso explica por que ela passou de um estado de possível irreversibilidade para uma recuperação que poderia parecer milagrosa.
São raros os casos de coma profundo em que o paciente consegue sair rapidamente e sem sequelas. Prudentemente, os médicos responsáveis pelo caso optaram por manter no ar a pior das hipóteses. Cláudia, por sorte, parece ter estado apenas em coma leve.
"Tivemos informações de que seu estado não era tão grave quando deu entrada no Einstein", disse Pedro Thadeu Galvão Viana, presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo.
Os procedimentos adotados, segundo esse médico, foram os mais sensatos.
Cláudia Liz já tinha sido sedada na clínica Santé quando os médicos perceberam que a anestesia provocara dificuldades respiratórias. Sinais de melhora fizeram com que os médicos retirassem o tubo que a ajudava a respirar. Quando seu estado se agravou novamente, optou-se por transportá-la ao Albert Einstein.
Ontem, o presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, Antonio Oliva Filho, disse que houve "precipitação" na divulgação das informações. "Falou-se em choque anafilático como se a ocorrência fosse frequente", afirmou. "Em pacientes saudáveis e jovens, a incidência de choque é de um caso para 200 mil aplicações anestésicas."
Oliva diz que há 25 anos aplica uma média de três anestesias por dia e nunca defrontou-se com um caso de choque anafilático.

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