São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996
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Família Okamoto é pioneira no Vale

VALMIR DENARDIN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM REGISTRO (SP)

As sementes que deram início à cultura de chá preto no Brasil entraram no país em 1935, contrabandeadas dentro de um pão.
O responsável pela façanha foi o imigrante japonês Torazo Okamoto, morto há 15 anos. Hoje, seus netos mantêm a Chá Ribeira, a maior indústria do setor em atividade no país.
Originário do sul do Japão, onde trabalhava em uma pequena indústria de chá, Torazo Okamoto chegou ao Brasil em 1919 e estabeleceu-se no Vale do Ribeira. Logo, ele começou o cultivo de dois produtos, arroz e cana-de-açúcar.
Segundo seu neto, Roberto Okamoto, Torazo soube que no Vale do anhangabaú (atual região central da cidade de São Paulo) muitas famílias tinham pés de chá como ornamento no jardim, o que levou o viaduto construído na região a ser batizado de Viaduto do Chá. Foi nessa época que Torazo conseguiu algumas sementes e as plantou em sua propriedade, em Registro.
Mas as plantas eram de má qualidade e a cultura não vingou.
Alguns anos depois, em 1935, Torazo viajou ao Japão e, na viagem de volta ao Brasil, o navio parou no Ceilão (atual Sri Lanka). Lá, o imigrante japonês encontrou sementes de chá da variedade assâmica -originária da região de Assam, na Índia.
Esconderijo
Como as autoridades do porto queriam impedir o embarque das sementes de chá, Torazo Okamoto arrumou uma solução: comprou um pão, retirou o miolo e lá colocou as sementes.
Assim foi iniciada a cultura do chá preto na propriedade da família, no Vale do Ribeira.
A partir dessas plantas, o IAC (Instituto Agronômico de Campinas, em São Paulo) desenvolveu, anos depois, as duas variedades de chá utilizadas até hoje no Brasil: IAC-250 e IAC-259.
Perdas
A família continua a plantar chá. Em 96, a Chá Ribeira planeja industrializar 1.500 toneladas do produto. A família planta atualmente 400 hectares de chá e mantém cerca de 150 empregados, entre a lavoura e a fábrica.
Segundo Roberto Okamoto, diretor financeiro da empresa, desde 94 a Chá Ribeira vem acumulando um prejuízo anual de US$ 960 mil, em virtude do preço de mercado e da defasagem cambial para a exportação.

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