São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996
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Quem persegue o desempenho sexual acaba perseguido por ele

ROSELY SAYÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Tenho 20 anos e sou um cara atraente. Minha primeira transa foi aos 15, com uma prostituta e, devido à insegurança, não foi legal. Arrumei uma namorada bonita e não consegui transar: sempre perdia a ereção ou não era suficiente, e o namoro acabou. Até na masturbação a ereção não é forte nem a ejaculação. Não sei se o problema está na minha cabeça, pois ouço papo de insuficiência de sangue na hora da ereção e acho que pode ser o meu caso. Outra coisa é o fato de eu ficar com garotas lindas e achar que tenho de mostrar um desempenho bom porque meu pênis é pequeno. Sei que tenho de esquecer essa palavra, mas não é fácil. Por favor, me ajude!"
resposta
Isso é o que está acontecendo nos anos 90: a maior neurose sobre o desempenho sexual. Como se, para a vida sexual, fosse preciso conhecer técnicas, alcançar o ponto máximo de prazer, saber compensar os defeitos para vencer a batalha final e a guerra. Parece que essa mania de qualidade total pegou!
Que é isso, moçada, vamos deixar esse espírito técnico/atlético para usar no lugar certo: nos esportes e na vida profissional. Sexo não é esporte, muito menos obrigação. Sexo é vida, alegria, prazer. Desde que venha junto com a responsabilidade, a segurança e a maturidade. Sabe o que é preciso buscar na vida sexual? A qualidade humana!
E o ser humano, sabe como é, de total não tem nada! É cheio de limites, medos, preconceitos. Inseguranças, então, nem se fala! Por isso relaxe, que esse é o único modo de chegar lá. Você teve experiências sexuais ruins. E daí, quem não tem? E o que se pode fazer com essas experiências? Aprender com elas!
Você já sabe que, quem fica perseguindo o tal desempenho sexual, acaba perseguido por ele. Sabe também que quem olha para a namorada e vê nela uma degustadora profissional que, depois de experimentar vai ou não aprovar, encara o relacionamento sexual como teste de seleção.
Está na hora de a geração dos anos 90 permitir que a prática sexual não fique restrita aos genitais. O corpo todo é erótico. Por que você não experimenta esquecer o seu pênis, o tamanho dele, a ereção, e se entrega no relacionamento? Sua cabeça vai aliviar, você vai desfrutar dessa coisa tão gostosa, e, na hora H, tudo pode ficar mais fácil. Mas se você estiver muito encanado com essa história de insuficiência de sangue na hora da ereção, consulte um médico.

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