São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996 |
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Dublagem ameaça Allen
INÁCIO ARAUJO
Repare o falsete infernal que se procura vender como uma voz semelhante à de Woody. O fato de o dublador imitar certas características da voz original não evita a conclusão (antes, apressa-a): na versão original, a voz é verdadeira; na brasileira, é falsa. O mesmo processo de dublagem imitativa derruba, por exemplo, Morgan Freeman e Jessica Tandy em "Procurando Miss Daisy" (que costuma passar na Fox). Imita-se a voz de uma pessoa idosa, no segundo caso, e atribui-se ao primeiro um sotaque caipira. A interpretação de ambos sai arranhada, assim como a compreensão do filme, pela infantilização absurda dos personagens. A dublagem não é um processo totalmente indefensável. Entre outras vantagens, libera o espectador das legendas e permite-lhe dedicar-se plenamente às imagens. Seria preciso, no entanto, as distribuidoras criarem um controle de qualidade mais eficaz e, sobretudo, perceberem que a pista de som não é um apêndice incômodo dos filmes, mas um elemento quase tão importante quanto a própria imagem. Em tempo: "O Dorminhoco" ainda é de um momento em que Woody Allen investia bastante em "gags" visuais. É o que salva o conjunto. (IA) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Causa homossexual impulsionou últimos anos de vida do compositor Índice |
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