São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996
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Ciro critica FHC por autorizar apoio a Pitta e defende voto em Erundina

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes criticou o presidente Fernando Henrique Cardoso por ter autorizado seu ministro de Assuntos Políticos, Luiz Carlos Santos (PMDB), a declarar apoio a Celso Pitta (PPB) no segundo turno paulistano com o objetivo de obter votos dos malufistas à emenda da reeleição.
"Sua obsessão pela reeleição o faz partir para um incoerente apoio a uma força como o Maluf, que nós satanizamos desde nossa origem", afirmou Ciro, que classificou a reeleição como um "tumulto institucional".
Ciro fez as declarações após encontro com o presidente nacional do PT, José Dirceu, em um hotel de São Paulo.
Segundo o ex-ministro, o objetivo da reunião foi discutir a formação de uma frente de centro-esquerda que se oponha ao "projeto que está aí".
"O projeto em andamento destrói o Brasil em três anos. Vai dobrar o desemprego, eles estão brincando com fogo", disse.
Para o ex-ministro, a "taxa de juros está destruindo a situação patrimonial brasileira, quebrando as empresas que produzem e geram empregos".
Após o encontro, Ciro reiterou seu apoio à candidata do PT, Luiza Erundina. "Em São Paulo, seremos cobrados pela história se não a apoiarmos", disse.
Reeleição
Ciro foi também o primeiro tucano a declarar que não votará em FHC, que também é do PSDB, caso passe a emenda da reeleição.
"Eu fico contra. Sou contra a tese da reeleição e contra a candidatura do Fernando Henrique."
O ex-ministro declarou que, caso a emenda da reeleição seja aprovada, apoiará um candidato de centro-esquerda que fuja do perfil "nacional-desenvolvimentista".
Ciro preferiu não citar nomes dos representantes dessa corrente, que chama de "esquerda atrasada": "Não vou citar porque as pessoas podem mudar suas idéias. O Fernando Henrique que o diga".
Entre os nomes que Ciro aceitaria apoiar estão os de José Dirceu (PT), do ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro (PT) e o do ex-presidente Itamar Franco, cujo governo integrou.
"Nesse caso, vai interessar mais uma plataforma comum do que o nome do candidato", disse.

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