São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996
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TV Vilã

JUCA KFOURI

Estão querendo transformar a TV no inimigo público número 1 do futebol no Brasil.
Nada mais falso. Ao contrário, a TV é a aliada principal do futebol.
É claro que precisa ser mais bem dosada, até para pagar melhor pelas transmissões.
Antes, porém, o futebol é que precisa melhorar o que tem para oferecer. E, para tanto, faltam quase todos os passos.
A Liga que nasceu no Rio de Janeiro é um deles, embora os presidentes dos clubes que a fundaram sejam quase os mesmos que decretaram a falência do futebol.
Para que os torcedores voltem aos estádios, sem temor da concorrência da TV, é preciso que os campeonatos despertem interessantes desde o começo, disputados pelos clubes que têm torcida.
Tais clubes o Brasil inteiro conhece. São no máximo 30 e olhe lá.
Formar duas divisões nacionais com 18 clubes cada, a segunda devidamente regionalizada, é o passo fundamental que os cartolas ainda não deram, preferindo culpar o termômetro pela alta da febre.
Ofereçam à Rede Globo, por exemplo, um Brasileiro de verdade, turno e returno, jogos só nos finais de semana, e descobrirão quanto podem receber pelo espetáculo.
Aí, até mesmo um jogo transmitido para a cidade de sua realização atrairá o público necessário para dar o calor que o futebol necessita. Tem jogo diariamente da NBA na TV, com ginásios sempre lotados.
É bobagem, portanto, o que dizem certos cartolas sobre a TV. Como é bobagem a TV tentar convencer quem está em casa de que 2.000 torcedores é um número razoável para Corinthians e Fluminense, por pior que seja a fase de ambos.
A maior culpa da TV tem sido, há anos, a conivência com o estado de coisas que, era óbvio, daria no que está dando, e até a responsabiliza como vilã.
Só que a TV apenas transmite, em cores e ao vivo, o descalabro causado pelos cartolas.
Os mesmos que, agora, querem impedir a transmissão de jogos do exterior, em plena época de globalização total.
É que eles querem manter a bagunça vigente, a que obriga a venda de nossos melhores craques, e nos impedir de vê-los nos países que sabem como mantê-los.
Futebol e TV conviverão felizes para sempre no dia em que o novo refrão dos torcedores virar realidade: "ôôô, queremos diretor".

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