São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996 |
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Bom-moço vai ao Oeste
INÁCIO ARAUJO
É certo que os "westerners" sentiam esse cheiro não como aspiração, mas por mera falta de alternativa. O espectador a quem Kevin Costner se dirige, ao contrário, vive cheirando poluição -também por falta de alternativa- e aspira à pureza do ar e, de certo modo, a um modo de vida em que os sentimentos sejam igualmente puros. A força e a desgraça de Kevin Costner parecem vir daí. Seu jeito bom-moço o credenciou a ser um novo Gary Cooper. Os excessos do politicamente correto fazem com que seja visto, não raro, como um chato de galocha. Mesmo esses, no entanto, têm de admitir que Costner encaminhou direito a história do militar que vai servir sozinho em um fim de mundo. Sua aventura consiste em enfatizar a possibilidade de convivência com os índios e com a natureza. Chegar a isso exige um mergulho em si mesmo e a ruptura com o mundo civilizado que reencontra -meio na marra, por força das circunstâncias, mas não só- um espírito de aventura que terminam por identificá-lo mais ao viajante que rejeita o mundo branco do que com certos ideais do homem do Oeste (como o pioneirismo, o espírito de conquista e o ideal civilizatório). "Dança com Lobos", que ganhou até o Oscar de melhor filme, em 1990, pode não ser o máximo, Mas é bem mais que o mínimo. (IA) Texto Anterior: CLIPE Próximo Texto: Renato Russo iria compor ópera sobre paixão trágica de dois marinheiros Índice |
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