São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996
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Barroco do I Musici volta a SP

Conjunto não tem regente

LUIS S. KRAUSZ
ESPECIAL PARA A FOLHA

O conjunto italiano I Musici volta a São Paulo, depois de dois anos. Estará hoje (15/10) e amanhã, no Teatro Arthur Rubinstein, apresentando dois programas diferentes, que destacam a música italiana dos séculos 18 e 19.
Um dos pioneiros no "revival" do repertório barroco italiano na década de 50, este conjunto de câmara notabilizou-se por leituras brilhantes e elétricas das obras de Vivaldi, Corelli, Locatelli, Tartini e outros e tornou-se o padrão internacional para esse repertório.
Organizados de modo igualitária e sem regente, o conjunto mantém-se fiel à tradição que já dura mais de quatro décadas e dispõe, hoje, de uma notável coleção de instrumentos originais do século 18 -dentre os quais merece destaque o Stradivarius da "spal- la" Mariana Sirbu, anteriormente de David Oistrakh.
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Folha - O I Musici existe há mais de 40 anos. Há ainda integrantes da sua formação original?
Massimo Paris - Sim, somos um grupo com 12 músicos. Quatro instrumentistas participam do grupo desde a sua fundação -um violinista, uma viola, um contrabaixo e a cravista. Mas muitos dos outros membros estão conosco há 35 anos, e mesmo os mais jovens tocam com o I Musici há 20 anos.
Folha - Como vocês fizeram para manter a fidelidade aos seus princípios de interpretação musical?
Paris - Na base de toda a nossa história encontra-se uma devoção especial ao repertório do passado italiano. Somos um grupo que se dedica com maior ênfase ao repertório barroco, embora tenhamos, com o passar do tempo, incorporado também a música de outros séculos, até do século 20.
Folha - O I Musici foi responsável pela criação de um estilo brilhante e elétrico na interpretação do repertório barroco. O que o sr. pensa das interpretações historicamente informadas, como da Academy of Ancient Music?
Paris - Hoje em dia, há muitos grupos que se dizem "históricos", mas que tocam em réplicas de instrumentos originais, enquanto nossos instrumentos são, sem exceção, originais do século 18. Acho que o que estes grupo fazem não passa de uma estéril arqueologia musical.
Folha - O I Musici foi sempre um grupo sem regente. Quem é o responsável pela manutenção do estilo e da linha interpretativa?
Paris - Somos um grupo genuinamente democrático. Evidentemente a "spalla" Mariana Sirbu tem, de certa forma, o papel de líder do grupo, mas ela está sempre aberta a discussões.
Quanto ao repertório, nós sempre tivemos uma política de apresentar, ao lado das peças mais conhecidas, outras que ficaram esquecidas do grande público.

Apresentação: I Musici
Quando: Hoje e amanhã, às 21h
Onde: Teatro Arthur Rubinstein (r. Hungria, 1.000, tel. 818-8888)
Quanto: R$ 15 (estudantes); R$ 25 (sócios) e R$ 30 (não-sócios)
Programa: Hoje - obras de Vivaldi, Tomaso Giordano, Luigi Boccherini e Paganini. Amanhã - obras de Rossini, Tartini, Costanzi e Vivaldi.

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