São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996
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Hussein volta à Cisjordânia após 29 anos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O rei Hussein, da Jordânia, volta hoje à Cisjordânia pela primeira vez desde 1967. "O rei Hussein está voltando para Jericó com Arafat, onde terão um encontro", anunciou a Organização para Libertação da Palestina.
Hussein não vai à região desde que Israel tomou o território na Guerra dos Seis Dias. À época, a Jordânia exercia a soberania sobre a área, que ocupava desde a fundação do Estado de Israel.
A Jordânia só estabeleceu relações pacíficas com Israel em 1994, depois dos acordos de paz entre israelenses e palestinos.
Arafat e Hussein acertaram a viagem em encontro ontem em Amã. Na capital da Jordânia, Arafat tinha também reunião marcada com o enviado especial dos Estados Unidos, Dennis Ross.
Os dois tentariam romper o impasse sobre a reunião de negociação entre palestinos e israelenses prevista para hoje em Taba, Egito.
"Ainda não sabemos se vamos a Taba ou não", disse Saeb Erekat, negociador palestino. Ele manteve reuniões informais com Dan Shomron, o negociador israelense, para tentar salvar as negociações de Taba, que deveriam ter começado ontem.
Respondendo sobre se houve progressos, Erekat disse apenas que não. Na opinião de Shomron, teria havido progressos. "As duas posições se aproximam continuamente", afirmou.
Erekat informou que suas instruções são de ir para Taba depois da reunião entre o rei Hussein e Arafat. Mesmo sem saber se a reunião vai acontecer.
O principal ponto de desacordo é a retirada das tropas israelenses de Hebron. Os israelenses querem mudar o que foi acertado nos acordos de paz para aumentar a segurança dos cerca de 400 colonos judeus que vivem na cidade, de 120 mil habitantes.
Israel quer que a polícia palestina a ser estabelecida em Hebron não possa usar as armas automáticas que utiliza no resto do território sob autoridade palestina.
Os palestinos exigem a retirada sem renegociações.
Ontem, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, teria oferecido negociações diretas entre ele e Arafat, se houvesse concordância em mudanças no acordo sobre Hebron por parte dos palestinos.
Seria o segundo encontro bilateral entre os dois e o primeiro depois do confronto entre israelenses e palestinos que deixou mais de 70 mortos há duas semanas.
Os palestinos recusaram as condições para a reunião.
No fim do dia, no entanto, a rádio Israel disse que importantes progressos haviam sido obtidos e uma reunião entre Arafat e Netanyahu estaria para acontecer hoje ou amanhã. Os palestinos não confirmaram a informação.
No Egito, o presidente de Israel, Ezer Weizman, e seu colega egípcio, Hosni Mubarak, se encontraram. Mubarak disse que o presidente israelense lhe garantiu que cumprirá os acordos de Oslo, apesar do atraso em alguns pontos.
Weizman negou que seu país esteja recuando dos acordos assinados pelo governo de Yitzhak Rabin, embora o gabinete Netanyahu tenha "diminuído a velocidade" do processo de paz.
A viagem de Weizman foi criticada pelo ex-premiê israelense Yitzhak Shamir. Para Shamir, um dos líderes da direita israelense, "o governo está um caos".
"É difícil saber que autoridade trata de que assunto. Normalmente seria inaceitável que o presidente se envolvesse nesse tipo de política", disse Rabin.
O governo de Netanyahu sobreviveu ontem a uma moção de desconfiança proposta pela oposição trabalhista. Por 55 votos contra, 49 a favor e duas abstenções a moção foi derrubada.

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