São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996
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Além das palavras; Verbas para a Aids; Estilingue; União das esquerdas; Faz-de-conta; Última esperança; Renato Russo; Desagrado

Além das palavras
"É louvável a iniciativa do governo em propor a proibição de qualquer trabalho infantil de crianças abaixo de 14 anos.
Para que essa medida tenha um efeito imediato e concreto, o governo deveria proibir a participação em licitações e compras públicas e o acesso a recursos oficiais de empresas que tenham mão-de-obra infantil na sua cadeia produtiva.
Lembro que o governo é o único comprador do álcool produzido nas usinas. Algumas delas exploram direta e indiretamente o trabalho das crianças conforme relatos dos meninos da Contag presenciados pelo próprio presidente da República."
Oded Grajew, diretor-presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança (São Paulo, SP)

Verbas para a Aids
"Sobre a reportagem sobre as verbas para a Aids recebidas pela Prefeitura de São Paulo (9/10):
1) o secretário de Saúde do município declarou a este jornal em setembro que até aquele momento a secretaria havia gasto 30% do dinheiro.
2) Desde a chegada dessa verba as ONGs/Aids têm cobrado o seu gasto e ouvido como resposta do coordenador José Claudio Domingos que 'a burocracia emperra o gasto do dinheiro, não tenho prestígio junto ao secretário para agilizar as coisas'.
3) A Apta verificou 'in loco' os supostos locais de atendimento. Funcionam apenas dois (já existentes desde 91 e 92). O restante ou não existe fisicamente ou funciona com triagem para encaminhamento para serviços do Estado.
Portanto cabe perguntar: a burocracia acabou? Como em menos de um mês a secretaria gastou mais da metade dos R$ 2 milhões que não conseguiu gastar em dois anos?
Onde foi gasto esse dinheiro se não há atendimento para a Aids nas unidades do PAS e os 'famosos centros especiais' ainda não funcionam?"
Teresina Cristina Reis Pinto, presidente da Apta -Associação para Prevenção e Tratamento da Aids (São Paulo, SP)

Estilingue
"É altamente estranhável o teor do Ato Normativo nº 098/96, do Ministério Público paulista, passando por cima da lei maior e, o pior, como se a Polícia Civil fosse uma instituição acéfala, sem órgãos de direção.
O Ministério Público deve merecer todo o respeito. Mas se os seus ilustres membros pretendem dirigir, fiscalizar ou praticar atos de polícia judiciária, há um caminho constitucional: sendo bacharéis em direito, podem prestar concurso de provas e títulos para a carreira de delegado de polícia, quando receberão três vezes menos e trabalharão dez vezes mais, e ainda cuidando de presos!
Do contrário, a condição de estilingue é mais cômoda do que a de vidraça, porém eticamente menos digna."
Bismael Batista de Moraes, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

União das esquerdas
"O possível apoio do candidato do PDT à Prefeitura de São Paulo, Francisco Rossi, à petista Luiza Erundina vem ao encontro do projeto histórico do partido que é o do trabalhismo como caminho para a construção de uma sociedade democrática e socialista.
A tão sonhada união das esquerdas não pode se resumir à atuação conjunta no Congresso Nacional.
As bases dos partidos oposicionistas devem refletir, discutir e engajar seus militantes no fortalecimento de uma proposta alternativa ao modelo autoritário e excludente praticado pelos atuais governantes."
Alexandre Roberto Seabra Dutra, secretário-geral da Fundação Alberto Pasqualini -PDT-SP (Campinas, SP)

Faz-de-conta
"A entrevista com FHC (13/10) revela um aspecto curioso do poder imperial de faz-de-conta do qual está investido um presidente brasileiro.
Nem mesmo a mente inquieta e criativa de um FHC consegue transpor a barreira imposta pelos bajuladores e oportunistas da corte, rendendo-se à mediocridade e ao provincianismo.
Que a lucidez de Ruth Cardoso ou, em último caso, dos eleitores em plebiscito poupe os brasileiros e a genialidade pregressa do sociólogo Cardoso do constrangimento da reeleição!"
Sabine Hueck (Florianópolis, SC)
*
"Da entrevista dada à Folha pelo sr. presidente da República (13/10), tira-se o que antes já se supunha: o presidente conhece, mas não sabe, percebe, mas não tem sensibilidade.
O presidente é o verdadeiro 'leviatã'. Na defesa de 'sua política', ajudará, certamente, a construir um mercado, nunca a fazer uma nação.
E, como não poderia deixar de ser, nega a ética como maneira de governar. O salve-se-quem-puder não é mais constatação da esquerda e nem argumento de acadêmico revoltado, mas a própria oficialidade."
Raimundo Nonato Neves de Menezes (Brasília, DF)

Última esperança
"Parabéns, ex-governador e deputado Franco Montoro! Eu já estava com um pé fora do PSDB depois de ver o ministro Luiz Carlos Santos aos abraços com o sr. Maluf e o candidato de Santos se omitindo de tomar posição no segundo turno.
Mas quando li o pronunciamento de Franco Montoro reconheci que ainda existe líder com dignidade e ética.
Será que os brasileiros perderam o caráter e o senso crítico? Estou indignada!"
Eglê Sydow Hummel (Santos, SP)

Renato Russo
"A morte de Renato Russo causou uma enorme perda para toda a juventude.
Suas letras traziam à tona toda a reflexão sobre o papel da juventude e as armadilhas da sociedade."
Rui Yoshio Kunugi (São Paulo, SP)
*
"A música nacional perdeu seu maior poeta de todos os tempos. Um talento somente comparável a outro ídolo morto em 1971: Jim Morrison."
Carlos Eduardo Machado Munhoz (São Paulo, SP)

Desagrado
"Gostaria de manifestar meu desagrado quanto a este jornal colocar todo santo dia a horripilante foto do Maluf na primeira página."
Marcos Cavalieri (São Paulo, SP)

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