São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 1996
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Indústria quer importação livre

Alegação é que a matéria-prima é mais barata

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria de pneumáticos quer que o governo libere as importações de borracha.
Segundo a Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneus), o mercado brasileiro está recebendo uma enxurrada de pneus importados, mais baratos que os nacionais, devido ao custo mais baixo da matéria-prima no exterior.
A indústria nacional é obrigada, por meio de uma política de contingenciamento das importações, a adquirir 46% de seu consumo de borracha no país.
O preço da borracha seca é de R$ 2,50/kg no país. Já a borracha estrangeira chega ao país a R$ 1,40.
Este ano, segundo a Anip, as importações de pneus novos para caminhão devem superar o cerca de 1,3 milhão adquirido em 95. Em 94, as compras ficaram em 300 mil.
O pneu nacional é vendido, em média, a R$ 500, preço 25% mais alto que o do produto importado.
"Para proteger a borracha nacional, o governo deve subsidiar o agricultor e não nos obrigar a pagar mais caro pelo produto", diz Flávio Bettiol, diretor da Anip.
Produtores e beneficiadores, porém, não concordam com os argumentos da indústria.
"Nos últimos 20 anos fomos incentivados pelo governo a produzir borracha", diz Percy Putz, presidente da Abapor (Associação Paulista dos Produtores e Beneficiadores de Borracha).
Putz diz que a borracha representa 15% do custo do pneu de caminhão. "Além disso, os preços internacionais devem chegar aos US$ 2/kg até o ano 2000, aproximando-se das cotações internas."
Segundo ele, no início da década o quilo da borracha no mercado internacional estava em US$ 0,75.
Atanagildo de Deus Matos, presidente do CNS (Conselho Nacional dos Seringueiros), defende a política de contingenciamento.
"Essa política contribui com a preservação da floresta na Amazônia e assegura empregos nos seringais do Centro-Oeste e Sudeste."
Um estudo feito por Jayme Vasquez Cortez e Nelson Batista Martin, pesquisadores do IEA (Instituto de Economia Agrícola), propõe a modificação do contingenciamento, ao invés de seu término.
Como o contingenciamento determina que a indústria compre 45% de seu consumo no Brasil, o excesso de oferta no primeiro semestre provoca uma redução nos preços.
"Estamos propondo que no primeiro semestre o contingenciamento seja de 67%, mas caia para 31% no segundo", diz Martin.

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