São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 1996
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Fazenda aceita romper acordos estaduais

VIVALDO DE SOUSA

VIVALDO DE SOUSA; LÉO GERCHMANN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após governadores abandonarem negociação sobre dívida, equipe econômica diz não se preocupar

O Ministério da Fazenda não se oporá a que os Estados que assinaram protocolos de renegociação de dívidas voltem atrás para esperar novos acordos no Congresso.
Reservadamente, membros da equipe econômica dizem não estar preocupados com a decisão, tomada por 19 governadores anteontem em São Paulo, de abandonar as negociações com a Fazenda.
Quatro Estados já assinaram protocolos de intenções: Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já estão sendo negociados acordos com Sergipe, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito do Santo.
Segundo economistas do governo, os protocolos assinados até ontem e em negociação são acordos voluntários. Ou seja, não está sendo feita nenhuma imposição do governo federal, embora sejam exigidas medidas de ajuste.
O secretário-executivo da Fazenda, Pedro Parente, disse à Folha anteontem que os acordos terão de ser aprovados pelo Congresso e pelas Assembléias estaduais.
Responsável pela negociação com os Estados, Parente tem marcada para hoje uma reunião com o governador do Espírito Santo, Vítor Buaiz (PT), e, para amanhã, outra com o secretário da Fazenda de São Paulo, Yoshiaki Nakano.
O tema é a renegociação das dívidas desses Estados. A posição do governo é a de não incluir nos acordos dívidas já renegociadas. O valor total da dívida dos Estados é de cerca de R$ 100 bilhões.
A Folha apurou ainda que a equipe econômica considera positiva a decisão dos governadores de alterar a legislação para facilitar a negociação das dívidas, mas não abre mão de medidas para reduzir os gastos dos Estados.
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, não quis se manifestar sobre a decisão dos governadores.
Britto
O governador do Rio Grande do Sul, Antônio Britto, defendeu mudança nas leis que regulamentam a questão da dívida dos Estados, apesar de já ter assinado um acordo com o governo federal para o débito gaúcho.
"Há a necessidade de mudar algumas leis para que o presidente consiga fazer mais e para que a ação do governo amplie seus limites em favor dos Estados", afirmou o governador.
Britto disse também que os 19 governadores participantes do encontro de São Paulo decidiram remeter telegrama aos deputados da Comissão de Reforma Administrativa, pedindo-lhes aprovação do projeto.
"No telegrama, dizemos que a reforma é indispensável para os investimentos em saúde, educação e segurança pública no próximo ano", disse o governador.

Colaborou LÉO GERCHMANN, free-lance para a Agência Folha, em Porto Alegre

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