São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 1996
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Evento situa Thomas em São Paulo

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"It's not my fault (Não é minha culpa)."
Isso é tudo o que o polêmico diretor teatral Gerald Thomas tem a dizer a respeito da série de eventos que o Sesc Pompéia de São Paulo promove, até o dia 27 deste mês, sobre sua própria obra (leia quadro ao lado).
Em entrevista a Folha, recém-chegado de Nova York, Thomas explica que sua preocupação está voltada para trabalhos futuros, em especial à realização de sua primeira coreografia, "A Breve História do Roubo".
O espetáculo, feito em conjunto com o bailarino e coreógrafo paulista Ismael Ivo, estréia dia 31 de janeiro na Alemanha.
"Nowhere Man"
A retrospectiva do Sesc Pompéia tem como carro-chefe a reestréia de "Nowhere Man", que acontece hoje, às 22h, no teatro da instituição. A peça já foi apresentada em festivais de teatro do Rio, Curitiba e São Paulo.
"É o ser humano moderno tentando relativizar o excesso de informação que rola pelo mundo e não tendo onde aplicar isso empiricamente", afirma Thomas.
O diretor explica que, apesar de conter citações e influências de "Fausto", "Nowhere Man" não é baseada na obra de Goethe.
"Não é como na 'Trilogia Kafka', que se baseava em Kafka. Não há nada que remeta o público a Fausto, além da situação de querer transcender e achar alguém com quem compactuar."
Nessa montagem, feita especialmente para o ator Luiz Damasceno -"Meu mais fiel e magnífico parceiro"-, Thomas explora o humor solto "como nunca havia feito antes", diz.
"Talvez seja a minha primeira peça que não tenha tanta seriedade. Além disso, ela está muito próxima do público", diz.
Durante os diálogos, há referências aos cineastas Martin Scorsese e Francis Ford Coppola e até ao ator norte-americano Jim Carrey.
O diretor explica que foi na peça "Chief Butterknife", encenada há pouco tempo na Dinamarca, que começou a "se soltar".
"Nessa montagem, que escancarou a mitologia moderna, eu brinquei com super-heróis, com Batman, Super-homem e James Bond..."
Hoje às 19h também acontece o lançamento do livro "Um Encenador de Si Mesmo: Gerald Thomas" (editora Perspectiva), compilação de textos sobre seu trabalho e de artigos de sua autoria. O volume foi organizado pelos professores Jacob Guinsburg e Silvia Fernandes.
"Estou morrendo de medo, é uma responsabilidade grande", disse Thomas, que ainda não teve tempo de ver o livro.
O projeto do Sesc inclui, ainda, uma mostra de vídeos que exibirá vários espetáculos realizados pelo diretor.
Entre os dias 23 e 27 de outubro, Thomas estará ministrando um workshop, com a presença de atores de seu grupo teatral, a Companhia de Ópera Seca.

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