São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 1996 |
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Carybé mostra candomblé aos franceses
BETINA BERNARDES
Carybé começou a retratar o candomblé na década de 50, ao perceber que o ritual oferecia um rico material visual que não era explorado. "Como não deixavam fotografar, achei que, pouco a pouco, ia se perder essa imagem do candomblé, não havia documentação", afirma. "Comecei a frequentar os rituais e, até hoje, faço os documentários em aquarela quando vejo alguma coisa nova", conta o pintor. Obá As idas aos rituais acabaram tornando Carybé um dos 12 obás de Xangô, um posto civil do candomblé também conferido a personalidades como o escritor Jorge Amado e o cantor e compositor Dorival Caymmi. Apesar de ainda se dedicar às aquarelas, o artista diz que prefere trabalhar em murais. "Fazer quadro em cavalete é um pouco fresco demais, essa história de dar uma pincelada e dar um passo para trás para ver como fica", conta. "Prefiro o mural, que tem andaimes, operários à sua volta que dão opinião. Gosto de ouvir o que eles pensam, são muito sinceros", diz o pintor. Aos 85 anos, Carybé está trabalhando em uma grade de ferro de 4 m x 20 m, para o Museu de Arte Moderna de Salvador. Saudade Concluída a grade, o próximo passo é fazer um painel de concreto de 3 m x 20 m. "Estou morrendo de saudade de trabalhar, estou louco para voltar logo para a Bahia e voltar à atividade", conta. Carybé, de origem cigana, é baiano de coração. Está viajando pela Europa há cerca de 15 dias. Foi a Madri, na Espanha, onde a Casa da Galícia também está promovendo uma exposição sobre seus quadros pintados a óleo e acrílico. A exposição de Paris, denominada "Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia", deverá seguir depois para a Bélgica. As aquarelas mostram utensílios usados nos rituais do candomblé, roupas das mães-de-santo, danças e celebrações. "Carybé não se contentou com pesquisas, ele viveu o candomblé em todos seus detalhes", diz o escritor Jorge Amado no convite da exposição. O trecho foi extraído do livro que leva o mesmo nome da mostra. Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch Próximo Texto: Estréia hoje filme de Spike Lee sobre marcha de 1 milhão Índice |
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