São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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Usuários ateiam fogo a 3 vagões de trem

MARCELO GODOY
OTÁVIO CABRAL

MARCELO GODOY; OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Composição quebra e passageiros apedrejam e incendeiam vagões em Itaquera; ninguém se feriu

A quebra de um trem provocou um tumulto que deixou três vagões incendiados ontem às 19h30 na estação Itaquera (zona leste) da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Não houve feridos e nenhum dos depredadores foi preso. O tráfego na linha que vai da estação Roosevelt, no Brás (região central) para Mogi das Cruzes (Grande SP) ficou interrompido por dois períodos de 40 minutos. Às 21h20, os trens voltaram a circular em três das quatro linhas da estação Itaquera.
O trem UW-90, que ia do Brás para Mogi, quebrou por um problema na ligação da composição com a rede elétrica aérea, de 3.000 V, às 19h10. A chefia da estação pediu aos 2.400 passageiros que descessem na estação Itaquera.
Em seguida, passaram na estação dois trens lotados, e nenhum passageiro do trem quebrado embarcou. Revoltados, eles apedrejaram uma locomotiva e atearam fogo a um vagão do trem danificado.
Os funcionários da estação foram impedidos de apagar o fogo, que se espalhou para outros dois vagões. "Só conseguimos desengatar os três últimos vagões", disse o maquinista Édson Vieira, 44.
O tumulto terminou com a chegada de PMs da região, por volta das 20h, e a circulação foi retomada. Quando os bombeiros chegaram, às 20h30, o tráfego teve de ser novamente interrompido.
Cinquenta homens da Tropa de Choque da Polícia Militar foram ao local, mas não entraram na estação. Carros da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) circularam pelas estações Brás, 15 de Novembro, Itaquera e Guaianazes.
"Nosso principal objetivo era evitar depredações em outras estações", disse o supervisor da Tropa de Choque, Roberto Funez.
Segundo a direção da estação Itaquera, a linha 1, onde estava o trem depredado, deveria estar desobstruída hoje de manhã.
O motivo dos tumultos, segundo os passageiros, foi a demora de uma hora e 25 minutos para a passagem do trem. Na segunda-feira, o atraso provocou um quebra-quebra que danificou sete estações entre Francisco Morato e Vila Clarisse (norte da Grande SP).
Um trecho de 49 km foi interditado e deve ficar em reforma por seis meses, prejudicando cerca de 60 mil pessoas. Os atrasos têm sido causados pela operação padrão de operadores e maquinistas do Movimento de Defesa dos Direitos dos Ferroviários, por motivos salariais. Eles tiram de circulação os trens que não cumprem as normas de segurança da CPTM.

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