São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996 |
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Economia globalizada leva à privatização
MARIA ODETTE S. BRANCATELLI
Seus defensores destacam a necessidade de modernizar o país e inseri-lo no competitivo mercado globalizado. Seus adversários apontam os riscos de desnacionalização e de perda de negócios lucrativos. A partir de 1930, o Estado passou a intervir diretamente na economia, atuando como agente modernizador e investidor. Empresas públicas ou de economia mista procuraram viabilizar o desenvolvimento industrial em setores básicos: ferro, aço, energia, petróleo, transportes. A participação do Estado cresceu em demasia durante os governos militares (1964-1985) na siderurgia, na energia elétrica e nuclear e nas comunicações. Controlando 70% da economia nacional e consumindo 33% do orçamento da União no final da década de 70, as estatais se tornaram conhecidas pelos gastos excessivos e desperdícios. Muitas eram "cabides de empregos", deficitárias e atrasadas tecnologicamente. O plano de privatização e de extinção de órgãos estatais iniciou-se com Fernando Collor (1990-1992), prosseguindo com Itamar Franco (1992-1994). No atual governo, o CND (Conselho Nacional de Desestatização) tem procurado reduzir o chamado "custo Brasil" e buscar a modernização tecnológica e a eficiência econômica com um amplo programa de privatização. Segundo o ministro do Planejamento do governo FHC, Antonio Kandir, "os avanços em ferrovias e energia elétrica são irreversíveis". Cerca de 2/3 da malha ferroviária federal já estão privatizados. O CND vem definindo a privatização dos portos, que começará ainda este ano. Em 1997, pretende transferir para a iniciativa privada ou para Estados e municípios parte das rodovias federais e, também, privatizar a rentável CVRD (Companhia Vale do Rio Doce). Deve-se destacar que, além de empresas nacionais, grupos estrangeiros tendem a substituir o capital estatal já exaurido. E, em alguns casos, tendem a ficar com setores estratégicos e lucrativos da economia brasileira. Maria Odette Simão Brancatelli é professora de história do Colégio Bandeirantes. Texto Anterior: Vestibular pega onda na rede Próximo Texto: Currículo cria o 'tempo livre' Índice |
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