São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Maluf quer 'Ibirapuera' na zona oeste

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf anunciou ontem a construção de um parque em um terreno de 111 mil metros quadrados ao lado da ponte Cidade Jardim (zona oeste).
O local é conhecido hoje como Parque do Povo e abriga um circo-escola, sete campos de futebol de várzea e o teatro Vento Forte, entidade de utilidade pública.
A construção depende de aprovação da Justiça, porque a área foi tombada pelo Comdephaat (órgão que cuida do patrimônio histórico no Estado) em julho de 94.
O projeto da prefeitura prevê a construção de palco para eventos, pista de cooper, ciclovia, dois campos de futebol, um de futebol de salão, duas quadras poliesportivas e uma área verde.
"Vai ser um mini-Ibirapuera", disse o prefeito Maluf.
O anúncio foi feito após a assinatura de um acordo com a CEF (Caixa Econômica Federal) e o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Ambos são proprietários do terreno, pelo qual a prefeitura pagará R$ 73 milhões.
O presidente da CEF, Sergio Cutolo, disse ontem em São Paulo que o acordo será submetido ao Ministério Público.
Além do pagamento, a prefeitura se comprometeu a alterar o zoneamento de terrenos próximos à área do parque e pertencentes à CEF e ao INSS.
O objetivo seria a valorização de imóveis. Os terrenos têm cerca de 30 mil metros quadrados.
A alteração no zoneamento permitiria ao proprietário utilizar uma área maior do imóvel para construções.
Cutolo disse ontem que a intenção da CEF é vender esses imóveis depois de aprovado o acordo. "A CEF não é uma imobiliária", disse, ao ser perguntado sobre eventuais construções nos terrenos.
Em abril do ano passado, a CEF havia anunciado a construção de um shopping e três edifícios residenciais e comerciais no local.
Maluf disse que a CEF lucraria ainda com a valorização dos imóveis após a construção do parque. Maluf, engenheiro civil, calculou a valorização em 50%.
A arquiteta Vera Regina Ramos e Castilho Badke, da Câmara de Valores Imobiliários do Estado de São Paulo, entidade especializada em avaliação de imóveis, tem outra opinião.
"Dificilmente a valorização excederá os 20%, porque a área já é muito valorizada", disse Regina.
Reação
As entidades que administram o Parque do Povo reagiram ontem ao anúncio feito pela prefeitura.
Roberto Mello, um dos diretores do teatro Vento Forte, disse que o tombamento da área ocorreu em função das atividades que as entidades exercem no local. "O que vai acontecer com essas entidades?", perguntou.
Quando tombou a área, o Condephaat alegou, entre outras coisas, que o local preserva características do futebol de várzea.
O clube Marítimo, que administra um dos campos de futebol no local, está instalado no parque desde 1926, diz Mello.

Texto Anterior: Ônibus causa congestionamento
Próximo Texto: Internet mostra trânsito em SP
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.