São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Globo News abre mercado para novos talentos

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

O áudio vira e mexe apresenta problemas, a música que acompanha o noticiário parece saída de uma festa-baile no Oriente Médio e pululam mancadas dos "focas" que ancoram seus telejornais.
Mesmo assim, não há -ou não deveria haver- jornalista neste país que não dê saltos de alegria com a estréia da Globo News, o canal de notícias 24 horas de Roberto Marinho, que marca a entrada oficial na TV do país de seu sócio, o magnata australiano Rupert Murdoch.
Não é pouca coisa colocar no ar um canal inteiramente dedicado à notícia. E qual refresco para os profissionais do ramo ver a Globo bancando uma safra inteira de novos talentos.
Claro, a Globo News é inspirada na Cable News Network, a CNN. Hoje, esse tipo de canal é carne de vaca. Na esteira da CNN vieram a NBC News, a mexicana ECO, a alemã Deutsche Welle e outras.
Mas, quando a CNN entrou no ar há mais de 11 anos, ninguém dava um níquel pela nova fórmula. Seu criador, o bronco Ted Turner, quase quebrou a cara antes de conseguir fazer o projeto vingar.
A grande virada ocorreu durante a Guerra do Golfo, quando se constatou que as facciosas reportagens de Peter Arnett eram assistidas por Saddam Hussein e pelo presidente Bush, que deixavam a TV ligada no canal durante as reuniões que decidiram os destinos da guerra.
Uma pá de jornalistas da antiga critica a superficialidade com a qual o modelo CNN trata a notícia. Sem dúvida, o forte desse tipo de canal não é a análise profunda dos acontecimentos, que são repetidos à exaustão. A grande sacada das CNNs é a agilidade, antes uma prerrogativa do rádio.
Mas as coisas estão mudando. No lugar de Peter Arnett, colocado na prateleira, a CNN tem hoje Christiane Amanpour, a repórter mais disputada da América, que ajudou a moldar as decisões na guerra na Bósnia. Tem também um novo programa analítico comandado pelo impecável Riz Khan, e não podemos esquecer do chato Larry King, que entrevistou todos os presidentes americanos desde Nixon.
A CNN está amadurecendo, e a Globo News, engatinhando. Mas uma coisa é certa: antes do novo canal da Globo, eu ligava o computador para escrever e a CNN logo em seguida. Agora, serei forçada a fazer zapping entre dois canais.

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