São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Superlotação mata 83 na Guatemala

Tragédia é a maior das Copas

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Mundial da França de 98 teve anteontem à noite uma grande baixa. Antes da partida das eliminatórias da Concacaf (entidade que rege o futebol nas Américas do Norte e Central), entre Guatemala e Costa Rica, 83 pessoas morreram e pelo menos 200 ficaram feridas.
O incidente, o pior da história das eliminatórias de Copa, aconteceu na Cidade da Guatemala. O estádio Mateo Flores, que abrigaria o jogo, recebeu um público bem superior a sua capacidade -estimada em 45 mil lugares.
Vários torcedores teriam morrido, por asfixia, ao entrarem em disparada em uma galeria que dá acesso ao estádio.
O acidente ocorreu 50 minutos antes da partida, que foi cancelada.
O drama
As vítimas da tragédias foram atendidas no próprio campo de jogo, que ficou tomado por corpos.
Asfixiados e pisoteados, 75 torcedores morreram ainda no estádio Mateo Flores.
Torcedores e jogadores deram os primeiros socorros às vítimas.
Foram encaminhados aos hospitais da capital guatemalteca cerca de 200 feridos. Até o fechamento desta edição, oito pessoas haviam morrido nos hospitais.
Os presidentes da Guatemala, Alvaro Arzu, e da Costa Rica, José Maria Figueres, estavam na tribuna oficial do estádio. O governo guatemalteco determinou três dias de luto no país.
O papa e líderes de vários países enviaram mensagens de condolências à Guatemala. A ONU (Organização das Nações Unidas) e a Fifa também se manifestaram.
A superlotação
A causa determinante para a superlotação do estádio e, consequentemente, para o tumulto foi a venda de ingressos falsos, segundo as autoridades locais e a Fifa (entidade que rege o futebol mundial).
No momento do acidente, o estádio contava com pelo menos dez mil torcedores a mais do que comporta a sua capacidade normal.
Fredy Berganza, dirigente guatemalteco, disse que dois indivíduos, identificados como Oscar Danilo Pedroza Hurtado e Juan Carlos López, foram presos com mais de 7.000 entradas falsas.
O porta-voz dos bombeiros da Cidade da Guatemala, Augusto Muñoz, confirmou que a superlotação determinou o incidente.
"O estádio tem modernas instalações esportivas, mas estourou sua capacidade. Isso causou a tragédia", disse Muñoz.
O acidente fez com que o diretor técnico da seleção da Costa Rica, o brasileiro Valdeir Vieira (Badú), repensasse o esporte.
"Não quero ouvir falar de futebol. Hoje, gosto menos de futebol do que gostava anteontem", disse.

Com agências internacionais

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