São Paulo, sábado, 19 de outubro de 1996
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Gráfica e casa desabam e garota morre

DA REPORTAGEM LOCAL

A estudante Luciane das Neves Rodrigues, 18, morreu soterrada após o desabamento de duas construções -uma delas a casa onde morava-, na rua Natal, alto da Mooca (zona leste de São Paulo).
O acidente aconteceu por volta das 17h30 de ontem. Luciane estava em um dos cômodos nos fundos da casa arrumando algumas roupas no momento do desabamento.
A mãe da estudante, Almerinda das Neves Rodrigues, também estava na casa, mas conseguiu se salvar e sofreu apenas algumas escoriações.
A primeira construção a desabar foi um prédio de dois andares da Unicolor Instituto Gráfico e Editora, que ficava ao lado da casa da estudante. O prédio ainda estava em fase de construção.
No subsolo da gráfica, estava sendo construída uma espécie de reservatório. Segundo o capitão Francisco Tenório de Albuquerque, que comandou os trabalhos do Corpo de Bombeiros no local, esse teria sido o motivo do desabamento.
"Na lateral direita do prédio da gráfica estava sendo feito um grande reservatório de água. Provavelmente a estrutura do prédio cedeu por causa desse reservatório", disse.
"Com o desabamento do prédio, a casa acabou sendo sugada", afirmou Albuquerque. Nenhum representante da gráfica compareceu ao local do acidente.
Duas retroescavadeiras que estavam no subsolo do prédio da gráfica também ficaram soterradas.
Poucos minutos antes do acidente, havia cerca de 20 pessoas na gráfica, mas no momento do desabamento todos já haviam conseguido deixar o prédio.
Segundo um funcionário da gráfica que não quis se identificar, antes do desabamento a estrutura da gráfica "deu uma balançada" e todos que estavam dentro do prédio saíram correndo para a rua.
Estrondo
"Eu estava telefonando perto da janela quando escutei o estrondo. Parecia que o mundo estava desabando. Quando olhei para a rua, não dava para ver nada. Só poeira", afirmou a secretária Ana da Conceição Siqueiros, que trabalha em frente ao local do acidente.
"Saí para a rua correndo e vi a mãe da moça saindo gritando: 'Minha filha morreu. Minha filha morreu'. Ela estava desesperada", disse.
O Corpo de Bombeiros chegou ao local em poucos instantes e iniciou os trabalhos de resgate, na esperança de encontrar Luciane com vida.
Os trabalhos de busca demoram cerca de três horas. O corpo da estudante foi encontrado, sem vida, por volta das 20h15.
"Aparentemente ela quebrou o pescoço", afirmou o tenente da PM Nelson Celegatto. A mãe e os dois irmãos da estudante se recusaram a dar entrevistas.
Negligência
A delegada Marli Maurício Tavares, do 57º DP, instaurou inquérito policial para apurar as causas e os responsáveis pelo acidente. Ela trabalha com a hipótese de negligência. A perícia técnica começaria ontem à noite.
"Estamos estudando a possibilidade de a obra na gráfica ser irregular, pois me parece que não tinha alvará de construção nem placa com o nome do engenheiro responsável."

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