São Paulo, sábado, 19 de outubro de 1996
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Polícia responsabiliza 5 no caso Mamonas

DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia responsabilizou cinco pessoas pelo acidente de avião que matou os cinco integrantes do grupo Mamonas Assassinas, no dia 3 de março deste ano, na serra da Cantareira (zona norte de SP).
O piloto, o co-piloto -ambos mortos no acidente- e três controladores de vôo foram responsabilizados pelo delegado do 20º DP, na Água Fria (zona norte) José de Gouveia, que presidiu o inquérito que apurou as causas da tragédia.
Foram acusados os funcionários da torre de controle do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica (Guarulhos), José Valdecir da Cruz e Alberto Mendonça de Almeida e o controlador de vôo Luiz Carlos Santos, que trabalha no aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital. A Folha não localizou os controladores ontem.
Além deles, foram considerados responsáveis o piloto Jorge Germano Martins e o co-piloto Alberto Takeda.
Negligência
"Essas cinco pessoas agiram com imprudência e negligência", disse o delegado Gouveia, que não precisou os erros de cada um.
O delegado fez um relatório de 26 páginas, que enviou ontem ao Fórum Criminal de Santana (zona norte). O caso deverá ser analisado pelo juiz Carlos Eduardo Morandim, segundo Gouveia.
Luiz Flávio Borges D'Urso, advogado de Cristiane Martins, viúva do piloto Jorge Martins, disse que o relatório de Gouveia "diluiu a responsabilidade do acidente, que antes estava concentrada injustamente na figura do piloto".
"Se a Justiça entender que o piloto não teve responsabilidade e que foi vítima de erros de controle de vôo, a família de Jorge Martins poderá pedir indenização."
Processo
Em maio deste ano, as famílias dos cinco integrantes do grupo haviam desistido de processar a União pelo acidente.
Além dos integrantes do grupo -Alecsander Alves, o Dinho, Júlio Rasec, Alberto Hinoto e os irmãos Sérgio e Samuel Reoli-, do piloto e do co-piloto, morreram mais duas pessoas no acidente, em um total de nove mortos.
O relatório final da Aeronáutica sobre o acidente havia creditado falhas que causaram a queda do avião ao piloto Jorge Martins.
Uma das hipóteses levantadas foi que ele estivesse excessivamente cansado por ter sido submetido a uma jornada de trabalho de 16 horas e 30 minutos -o máximo permitido é de 11 horas.
No dia do enterro dos integrantes do grupo -acompanhado por 100 mil pessoas, em Guarulhos (Grande São Paulo)-, o pai do vocalista Dinho, Hildebrando Alves, havia declarado que a família exigiria "profunda investigação" sobre as causas do acidente.

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