São Paulo, sábado, 19 de outubro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Dole acusa democratas de 'lavar dinheiro'
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
O chefe da Casa Civil do governo, Leon Panetta, disse estar preocupado e ter pedido à direção do seu partido, o Democrata, explicações sobre possíveis contribuições ilegais para a reeleição de Clinton. A denúncia de Dole foi feita depois que uma religiosa budista, chamada Man Ya Shih, disse ter sido abordada por alguém que se identificou como "militante democrata" e que lhe entregou US$ 5.000 em dinheiro e pediu que ela fizesse um cheque do mesmo valor para a campanha de Clinton. Shih estava participando de um jantar num templo budista de Los Angeles, na Califórnia (Costa Oeste do país), que teve o vice-presidente Al Gore como orador. O Partido Democrata registrou dezenas de doações em valores que variam de US$ 3.000 a US$ 5.000 em nome de pessoas ligadas ao templo, que exige um voto de pobreza dos seus integrantes. A abadessa do templo, Tzu Jung, afirma que ela apenas cedeu o prédio para o evento e que ninguém ligado à igreja tem dinheiro para fazer esse tipo de contribuições. A direção do Partido Democrata admite ter contabilizado erroneamente pelo menos US$ 15 mil como doação do templo à campanha. Esse foi o custo do aluguel do prédio, que já deveria ter sido e agora será reembolsado à igreja. Na semana passada, o partido devolveu US$ 250 mil que haviam sido doados à campanha por uma empresa da Coréia do Sul. A legislação americana proíbe contribuições eleitorais de cidadãos ou empresas de outros países. O Partido Republicano, de oposição, acusa o Democrata de ter recebido pelo menos US$ 1 milhão de um banco indonésio, o Lippo, com o qual Clinton tem ligações próximas desde quando era governador do Estado do Arkansas, sul do país, nos anos 80. Todas as doações sob suspeita foram obtidas por um ex-executivo do Lippo, John Huang, que até esta semana era integrante do diretório nacional do Partido Democrata, cargo do qual se licenciou. Ontem, Clinton cometeu uma gafe. Disse que a Constituição dos EUA e a Declaração de Independência do país definem que o governo deve ser "do povo, para o povo e pelo povo". A frase foi dita pelo presidente Abraham Lincoln no famoso Discurso de Gettysburg, 87 anos depois da independência. Dole, divertido, definiu o deslize de Clinton como um "erro de proporções presidenciais". Texto Anterior: Leia casos de abusos dos direitos Próximo Texto: Jurado negro do caso O. J. Simpson é substituído Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |