São Paulo, sábado, 19 de outubro de 1996
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Inteligência, soberania e riqueza

EULER RIBEIRO

Criar os territórios federais do Alto Solimões e do Rio Negro -desmembrando a imensa fronteira oeste do Amazonas, iniciativa nacional e oportuna- é prova de inteligência, soberania, aproveitamento de riquezas e dará continuidade ao desenvolvimento iniciado com os ex-territórios de Rondônia, Roraima e Amapá, hoje Estados. Retirará da miséria 150 mil brasileiros sem transportes, comunicações, saúde e educação; sem emprego, renda, moradia e alimento. Sem vida digna.
A inteligência -e, mais ainda, a sabedoria- está em aproveitar logo e de modo racional a área, das mais ricas do mundo. No alto rio Negro há metais raros estratégicos para as conquistas espaciais. A planície do alto rio Solimões possui várzeas maiores e mais férteis do que as margens do rio Nilo, para a produção de alimentos. Ambas são entrecortadas por muitos rios -transporte e água, esta um dos mais importantes bens para a humanidade no futuro.
É preciso acordar para a importância estratégica da região e integrá-la já! Lembremos que terroristas do M-19 agiram no alto Solimões, sequestrando avião e matando soldados brasileiros. E o narcotráfico penetra no nosso país pela fronteira extensa. É urgente ocupá-la para integrá-la ao país.
Os brasileiros que vivem lá têm sido responsáveis pela manutenção da integridade regional, mesmo abandonados pelas autoridades. Hoje, tudo lhes falta -pior: falta-lhes perspectiva de vida, tão distantes de Manaus. Os territórios carrearão recursos federais diretamente da Presidência da República, segundo geopolítica responsável.
O fluxo migratório do interior para Manaus, que ocorre por causa da Zona Franca e da falta de condições no interior, se inverterá. E haverá interesse de outros brasileiros em ocupar o espaço, com as oportunidades dos investimentos federais, aos quais se seguirão empresas nacionais e estrangeiras.
Urucu produzirá gás para energia elétrica mais barata. O turismo será fonte inesgotável de riqueza, pois a Amazônia, última fronteira natural inexplorada, desperta o interesse do mundo. O Incra e as Forças Armadas assentarão milhares de brasileiros bandeirantes, que, com inteligência e determinação, desenvolverão a área imensa, hoje improdutiva e abandonada, sujeita à cobiça internacional. O governo tem dinheiro para essa iniciativa, pois tem gasto em outras, menos importantes, menos nobres e menos dignas.
O Brasil não pode abrir mão de sua terra, tão rica. Nossos descendentes não perdoariam. Uma grande nação se faz com coragem, inteligência, sacrifício, firmeza e patriotismo. Não podemos admitir que isso nos falte. A história nos julgará!

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