São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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Pernambuco amputa cinco pênis por mês

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Uma legião de mutilados, vítimas da falta de informação e da pobreza, surge a cada ano em Pernambuco.
São homens que tiveram o pênis amputado por causa do câncer, doença que, no Estado, atinge proporções únicas no Brasil.
Por causa da doença, em média 1,2 pênis é amputado por semana no Hospital de Câncer do Estado. Mensalmente, cerca de cinco novos casos são diagnosticados.
Campeão
Esses números, informa o Inca (Instituto Nacional de Câncer), órgão ligado ao Ministério da Saúde e sediado no Rio de Janeiro, fazem de Pernambuco o campeão em incidência de câncer de pênis no país.
Segundo o diretor da Coordenação de Programas de Controle de Câncer do Inca, Evaldo de Abreu, 51, a proporção de casos registrados no Estado só é comparável no mundo à de Uganda, país localizado na África.
Em Pernambuco, disse Abreu, a incidência é de 8,9 casos por 100 mil habitantes.
Em São Paulo, esse índice é de 2,5 por 100 mil e, no Pará, de 2,2.
Em Uganda, segundo informações fornecidas pelo diretor do Hospital de Câncer, o médico Joaquim Branco, a proporção chega a 18 casos por 100 mil habitantes. Nos Estados Unidos, ela cai para 0,6.
Faixa etária
Apesar do grande número de doentes, uma das maiores preocupações da direção do hospital está relacionada à redução da faixa etária dos pacientes.
Nas últimas duas décadas, disse Branco, a média de idade caiu de 60 anos para cerca de 50. "É uma constatação que nos perturba e preocupa", afirmou o médico Joaquim Branco
Falta de higiene
A doença, segundo o médico, está associada à falta da higiene íntima. O problema ocorre basicamente nas comunidades de baixa renda e com pouco acesso à informação, de acordo com o médico.
Podem contribuir ainda para o desenvolvimento desse tipo de câncer, disse o médico, a multiplicidade de parceiros sexuais e a existência da fimose -pele que recobre a glande ("cabeça" do pênis) e não se retrai.

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