São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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Bancos mantêm a rentabilidade de 1995

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os bancos brasileiros continuam mostrando que são, de fato, duros na queda.
No primeiro semestre deste ano, eles conseguiram manter, na prática, os resultados alcançados no primeiro semestre do ano passado, apesar de todas as adversidades ocorridas após o Plano Real -como a queda vertiginosa das receitas fáceis e o brutal aumento da inadimplência.
Levantamento da consultoria Austin Asis mostrou que 210 instituições obtiveram um lucro líquido de R$ 2,426 bilhões no primeiro semestre, comparados a R$ 2,196 bilhões na primeira metade de 1995 e a R$ 2,308 bilhões em igual período de 1994.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido (retorno sobre o capital investido) desse grupo de bancos foi de 6,55% no semestre passado (ou 13,1% ao ano). Nos primeiros seis meses do ano anterior, fora de 6,97% (13,9% ao ano) e, nos de 1994, 7,88% (15,75%) -este último influenciado pelos ganhos fáceis proporcionados pela inflação aos bancos.
"Diante dos problemas enfrentados, os resultados no primeiro semestre deste ano são mais que animadores", diz Erivelto Rodrigues, diretor da Austin Asis.
Ele lembra que os bancos perderam, após o Real, cerca de US$ 10 bilhões em receitas de "floating", aquelas obtidas com a aplicação de recursos não-remunerados de terceiros (como depósitos à vista, pagamentos em trânsito).
Como se isso não bastasse, a escalada dos juros no ano passado provocou uma onda de inadimplência generalizada no setor bancário, que foi obrigado a se prevenir contra os calotes "queimando" lucros.
As despesas com provisões contra créditos de liquidação duvidosa subiram de parcos US$ 452 milhões no primeiro semestre de 1994 para US$ 9,1 bilhões na primeira metade de 1995 -um aumento de 1.913%!
Esses números não incluem os balanços de gigantes como o Banco do Brasil e o Banespa, cujos prejuízos poderiam distorcer a amostra, de tão grandes.
Para recompor suas receitas, os bancos passaram a cobrar mais tarifas sobre os serviços que prestam aos clientes. No último semestre, a arrecadação de tarifas nos 210 bancos foi de US$ 4,3 bilhões, comparados a US$ 3,2 bilhões acumulados até junho de 1995 e a US$ 2,3 bilhões até junho de 1994.
Leãozinho
O Imposto de Renda menor este ano também favoreceu os resultados dos bancos. De um total de até 37% de IR pagos até 1995, a alíquota sobre o resultado antes do imposto caíram este ano para até 25%. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, que era de 30%, foi reduzida para 18%, acrescenta Rodrigues.
Com isso, os bancos pagaram US$ 582 milhões em impostos no último semestre. Na primeira metade de 1995, a mordida do leão havia sido de US$ 1,2 bilhão.
(MG)

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