São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996 |
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Maradona completa 20 anos de rebeldia
RODRIGO BERTOLOTTO
Seu time, o Argentinos Juniors, perdia por 1 a 0 para o Talleres, quando, no intervalo, o técnico Juan Carlos Montes decidiu tirar o meia Giacovetti e colocar o estreante garoto de 15 anos. "Vai e joga o que você sabe", foi a ordem de Montes. Maradona brilhou, mas não impediu mais uma derrota naquele Campeonato Argentino de 76. Passadas duas décadas, os times de Talleres e Argentinos Juniors disputam a segunda divisão, e Maradona sobrevive à avalanche de péssimas notícias, com prisões e investigações ao seu redor. Há quem diga que sua carreira foi impulsionada pela raiva, iniciada com a desconvocação para a Copa do Mundo de 1978 -decisão do técnico César Menotti. Maradona partiu para o revide. Foi cinco vezes artilheiro em torneios da Argentina, transferiu-se para o Boca Juniors, Barcelona e Napoli, envolvendo contratos milionários e títulos conquistados. Sagrou-se campeão mundial juvenil (Japão-79), ganhou uma Copa quase sozinho (México-86) e em outra chegou a vice (Itália-90). Além de vingar sua frustração, acreditam alguns que ele devolveu aos ingleses, com dois gols, a derrota na Guerra das Malvinas. Era 22 de junho de 86, e a seleção sul-americana venceu por 2 a 1. Um gol marcado com a mão. O outro, com a maestria: desde seu campo, Maradona correu com a bola nos pés 53,5 metros em 10,6 segundos, se desvencilhou de cinco adversários e bateu para o gol. Apesar de uma contusão e da hepatite, a fase mais brilhante de Maradona aconteceu no Barcelona (82/84). Já seu período mais premiado se deu no Napoli (84/91). Mas nenhum time está mais associado a seu nome do que o Boca Juniors, onde teve duas passagens. Na primeira, conquistou seu primeiro título por um clube (81). Maradona tornou-se um fanático pelo time azul e amarelo, mesmo tendo assumido que torcia pelo Independiente quando criança. Fanático também para fazer e desfazer inimigos: Daniel Passarella, César Menotti, Carlos Bilardo, Carlos Menem, entre outros. A rebeldia o fez brigar com a Fifa, colocar brinco, pintar o cabelo, beijar na boca seu companheiro Claudio Caniggia a cada gol e se aproximar da cocaína. Incontrolável, foi técnico, comentarista de TV, empresário de futebol (comprou o passe do brasileiro Charles) e até parou nas telas. Marcou, até agora, um total de 360 gols em sua carreira. Se vai fazer mais, só depende dele -o inglês Chelsea, um time japonês (nome não revelado) querem o melhor jogador argentino de todos os tempos, prestes a fazer 36 anos. Texto Anterior: Santos; Flamengo Próximo Texto: Trajetória Índice |
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