São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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Claque é o mais engraçado do 'Brava Gente'

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A coisa mais engraçada da estréia de "Brava Gente", novo humorístico do SBT, foi a claque. A falsa platéia riu atrasada, fora de tom, forçada, coisa de outro mundo.
Não deve ter sido diferente o riso do telespectador em casa. A boa intenção de levar para a TV o realismo-trash de "Porca Miséria" (peça teatral de sucesso) não vingou na sua primeira exibição.
O projeto do programa é apresentar a tragicomédia rotineira de uma família pobre do Bixiga, bairro italiano de São Paulo. Fazer rir dos farrapos humanos e as suas desgraças sócio-econômicas.
O diretor Roberto Talma e o autor e ator Marcos Caruso, no entanto, não acertaram o ponto na versão televisiva de "Porca Miséria". Sobrou a caricatura mais que exagerada de descendentes italianos e faltou molho no ravióli.
É muito pouco para quem pretendia ser a resposta da emissora de Silvio Santos ao "Sai de Baixo" de Roberto Marinho. O programa da Globo tem fórmula cansativa, mas é sustentado pelas jogadas individuais de estrelas como Marisa Orth.
Enredo
No primeiro episódio, "Brava Gente" mostrou a frustrada expectativa de Augusta (mulher de Palcoal) no dia do aniversário de 20 anos de seu casamento.
Ao contrário de uma festança, o marido só ampliou o seu desgosto: alugou a casa para servir de cassino improvisado. Pascoal é Caruso e Augusta é Jandira Martini.
O roteiro não foi dos piores, mas o desenrolar da trama não segurou o riso. As piadas e trocadilhos naufragaram. Exemplo: Pascoal pergunta se a vovó Speranza "sacou", compreendeu, alguma coisa. Ela diz que não sacou, pois nunca teve dinheiro no banco. Pode?
A vovó, no entanto, teve bons momentos de escracho, quando a casa de Pascoal e Augusta vira cassino improvisado. A velha salvou algumas cenas com a sua performance como crupiê de roleta.
Sociologia
Para completar a sua família, "Brava Gente" conta com Tati, estudante de sociologia, filha de Pascoal e Augusta. O papel ficou com a eterna lolita Flávia Monteiro, que faz a linha "gostosa-cabeça".
A sociologia caricatural de Tati serve de ponte para as piadas com o presidente e também sociólogo Fernando Henrique Cardoso.
O programa destaca ainda Osmar Prado e Cristina Pereira, que compõem um casal boa pinta, solidário, vizinho de Pascoal.
Ela é viciada em produtos do Paraguai. Tende a crescer no programa caso explore mais a sua vocação "mulher total", uma espécie de feminista de resultados. Ou melhor: algo como uma "Camile Paglia dos pobres".

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