São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 1996![]() |
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Curso quer dar visão crítica
VANDECK SANTIAGO
"Mas o mundo tem coisas ruins?", torna a monitora. "Teeeeemmm!", gritam os alunos, que em seguida relatam as dificuldades: fome, desemprego, falta de terra, pouco dinheiro. Assim foi um dos momentos de uma aula assistida pela Agência Folha, à noite, em Piranji, na área rural de Palmares (PE). Os alunos eram 25 bóias-frias que moram na região. As aulas fazem parte do curso de alfabetização e acontecem de segunda a sexta-feira, das 18h às 21h. O grupo forma um dos 76 Círculos de Educação e Cultura que compõem o programa de assistência aos bóias-frias. Os círculos (espécies de classes) são criação da Secretaria Estadual de Educação e atingem outras áreas do Estado. A técnica de ensino é inspirada no método do educador Paulo Freire -que busca não apenas tornar a pessoa apta a ler e escrever, mas também a ter uma visão crítica da realidade. "O que buscamos é formar sujeitos críticos", disse Zélia Porto, diretora de educação escolar da Secretaria Estadual de Educação. Filhos As aulas são dadas por 76 monitores que, em geral, têm apenas o primeiro grau e são escolhidos entre os moradores da comunidade. Recebem um treinamento de duas semanas e ganham R$ 112 mensais. Os cursos técnicos são dados por profissionais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, da Secretaria de Agricultura de Pernambuco. O local de aulas é variado: garagens, salas, casas de engenhos, sindicatos, igrejas. Em algumas turmas, as mães levam filhos para a aula. "O pai dele não quer ficar tomando conta, aí eu trago para cá", disse Maria José de Lira, 33, que assistia uma aula em Maraial (161 km a sudoeste de Recife), com o filho José Nário de Oliveira, 6. (VS) Texto Anterior: 'Perfil educacional é ponto positivo' Índice |
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