São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 1996
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Cobradores sofrem de estresse

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não são só os motoristas de ônibus que ficam estressados com seu trabalho. Ao contrário, os cobradores têm duas vezes mais desordens psiquiátricas do que eles.
Segundo a dissertação de mestrado de Maria de Fátima Marinho de Souza (leia Sumário), esses distúrbios psiquiátricos atingem, em média, 20,3% dos motoristas e cobradores -ou seja, um em cada cinco está 'alterado".
Entre os motoristas esse índice é de 13%, enquanto entre os cobradores sobe para 28% -isto é, quase um em cada três cobradores está de alguma forma estressado.
Maria de Fátima realizou sua pesquisa para construir "um 'retrato' dos condutores, visando a produção de conhecimentos sobre o trabalho em transporte urbano por ônibus e a análise dos principais problemas de saúde".
Trabalhou com uma amostra de 925 motoristas e cobradores e um questionário de 24 itens, 20 deles para detecção de distúrbios neuróticos.
A maior prevalência desses problemas ocorreu entre pessoas com menos de 30 anos, que ganham até três salários mínimos. Os migrantes (nordestinos) também apresentaram taxas mais altas de distúrbios psiquiátricos.
Os principais fatores de risco identificados na pesquisa são bancos sem mecanismo de ajuste, trânsito intenso, faltas ao serviço, menos de quatro anos na empresa e escala móvel de trabalho. Afirmam dormir menos de seis horas por dia, 20% do entrevistados.
Mas nada disso explica a prevalência dos distúrbios entre os cobradores. Para Maria de Fátima, as brigas com passageiros decorrentes da falta de troco (30% diz que isso ocorre com frequência) e o medo de assaltos seriam as principais explicações.
(FR)

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