São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 1996 |
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Ações da Ericsson vão ao topo das Bolsas
MILTON GAMEZ
A empresa desbancou a Aços Villares da liderança no mercado acionário, apesar de ter se desvalorizado 12,57% desde o final de agosto, quando chegou a esbanjar uma rentabilidade de 355,45% em oito meses. Mesmo com a queda, a Ericsson PN deixou para trás, e com folga, o Ibovespa, termômetro das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo. Até sexta passada, o Ibovespa variou 58,13%. Também comeu poeira da Ericsson a Telebrás, holding federal das empresas de telecomunicações, cujas ações respondem por mais da metade dos negócios em Bolsa no país. No ano, a valorização da Telebrás atinge 80,04% (preferenciais). Suas filhotes, as "teles" estaduais, acumulam valorização entre 178,51% (Telemig PNB) e -12,04 (Telebahia PNB). Os dados são da Economática. A comparação é importante, pois as empresas de telefonia são as compradoras dos principais produtos da Ericsson, multinacional sueca associada, no país, ao grupo Monteiro Aranha. Como as concorrentes diretas da Ericsson -Alcatel, Equitel, Nec, AT&T e outras- não têm ações nas Bolsas brasileiras, seu papel tornou-se uma opção singular para quem aposta nos efeitos da privatização dos serviços de telefonia sobre as empresas que o rodeiam. A Ericsson é a principal fornecedora de terminais de telefonia fixa, com 41% da base instalada no país até o final do ano passado, segundo o Banco Bozano, Simonsen. A Alcatel, segunda colocada, tem 15%. Na telefonia móvel, a Ericsson ocupa o segundo lugar, com 36%, atrás da Nec, com 41%. O faturamento líquido da companhia atingiu US$ 449 milhões em 1995, atrás da Nec (US$ 620 milhões), e deve subir neste ano para US$ 685 milhões. O lucro líquido, de US$ 89 milhões no ano passado, deve atingir US$ 133 milhões neste ano, prevê Sérvulo Lima, analista do Bozano, Simonsen. No segundo trimestre deste ano, a Ericsson apresentou vendas líquidas de US$ 170,3 milhões, valor 60% maior que em igual período de 1995. O lucro líquido no semestre foi de US$ 45,5 milhões, revertendo um quadro de prejuízos na primeira metade do ano passado. Tudo isso explica, em parte, a chegada da Ericsson PN ao topo do pódio das Bolsas. Suas ações ordinárias, até sexta-feira passada, subiram 246,63%. Tamanho fôlego levanta a dúvida cruel dos investidores em ações -acabou ou tem mais? Sérvulo Lima recomenda cautela com o papel. Seu conselho é "hold" (manter posição). "É melhor esperar um momento mais adequado para investir. As definições sobre o sistema a ser adotado na privatização da telefonia celular podem afetar os resultados da Ericsson", alerta. Para os experts do Unibanco, a Ericsson ainda pode subir mais ainda. A empresa está na lista de recomendações do banco desde janeiro de 1994. "O papel ainda está muito barato. Tem um potencial de valorização de quase 30% no curto prazo", afirma Pedro Bastos, analista sênior do Unibanco. Ele observa que o P/L (preço/lucro) da ação está baixo: 5,2. O P/L indica o número de anos necessários para se obter o retorno do investimento considerando-se apenas os dividendos previstos. Bastos admite que a Ericsson deve sofrer mais com a concorrência, o que reduziria suas margens de lucro. Mas a empresa tem condições de compensar essas perdas aumentando suas receitas com a privatização da telefonia celular, a partir de 1997, acredita o analista. E-mail: papeis@uol.com.br Texto Anterior: Prejuízo é maior para pequenos Próximo Texto: Privatização define ações Índice |
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