São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 1996 |
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Fugees combatem violência com "hip hop educativo"
EVA JOORY
Com 7 milhões de cópias vendidas do seu disco "The Score", o trio Lauryn Hill, 21, Pras (de Prakazrel), 25, e Clef (de Wyclef), 26, não pára mais. Estão na estrada há cerca de dez meses, numa maratona promocional que já os levou aos quatro cantos do mundo. A novidade envolvendo o trio é que eles aceitaram fazer a trilha sonora para o remake de um clássico da curta era reggae do cinema, "The Harder They Come". Eles também lançam, ainda neste ano, uma versão remixada do álbum "The Score". Sexta passada foi a vez de Londres ver o único show da banda na cidade, no Brixton Academy, com lotação esgotada e presença do rapper inglês Goldie na platéia. Com uma nova estética musical, aliando uma vitalidade quase hardcore a uma sofisticação melódica e letras politizadas, os Fugees dizem não à violência e ao gangsta-rap. Querem paz, respeito e poder levar sua música a milhões de pessoas. Foi o que disse Pras, em entrevista à Folha no camarim Academy, enquanto se vestia, momentos antes de entrar em cena. Pras disse que quer dar às pessoas um sinal de esperança. O trio conduz o Refugees Camp Project para ajudar crianças que não têm oportunidades: "Queremos educar e conscientizar as pessoas". * Folha - Vocês estão sendo políticos quando tratam de temas como violência e discriminação? Pras - Não estamos sendo políticos. É um modo de vida. Qualquer um que procura refúgio irá entender do que estamos falando. E sabe o que é engraçado? É que, cada vez que uma pessoa fala de coisas que a oprime ou que estão erradas, todos tendem a rotulá-la. Folha - Você não acha estranho que a música que levou vocês ao topo foi "Killing me Softly" e não uma composição da banda? Pras - Não, essas são as músicas que crescemos ouvindo. É bom que seja essa música que tenha nos divulgado. Funciona como uma forma de ensinar a garotada um pouco da história da música pop. Quero que minha geração saiba quem é Roberta Flack. Folha - O que acha do gangsta-rap? Pras - Não acredito em gangsta-rap. É um termo criado pela mídia. O gangsta-rap não existe. Acontece que é um estilo musical violento ou que contém violência explícita. Eu respeito Snoop Doggy-Dog, Tupac Shakur, que Deus esteja com ele, e Dr. Dre. Eles são representantes dos que fazem trabalhos que vêm do coração. Aqueles que os imitam são os que dão má reputação ao som deles. Folha - De onde vem a sua inspiração e energia? Pras - Vem de canais diferentes. Ouvimos Stevie Wonder, Donny Hataway, Eagles e Sting. Minha inspiração vem de fontes diferentes. Não há nada em particular, somos espontâneos. Folha - Você disse que quer educar as pessoas. Não é um trabalho exaustivo? Pras - É como estudar para medicina e, depois que você vira médico, não querer mais operar. Por que virar médico se não ama sua profissão? Os artistas o fazem pela fama e pela glória. Para nós, música é a paixão número 1. Não se pode pensar só em ganhar dinheiro. A jornalista Eva Joory viajou a convite da gravadora Sony Próximo Texto: Show vai além do CD Índice |
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