São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 1996
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Novo FGTS sem risco

LUÍS NASSIF

Em 1994, ao assumir a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Pérsio Arida tinha em mente montar o modelo de moedas sociais, permitindo ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) se tornar um fundo de investimento.
A tentativa esbarrou na incompreensão da proposta por parte de algumas lideranças sindicais. Virando fundo de investimento variável, obviamente o governo federal não poderia se responsabilizar por sua remuneração mínima -hoje em irrisórios 3% ao ano.
Sem experiência de mercado, as lideranças temiam ser responsabilizadas por eventuais perdas futuras que viessem a ocorrer com o novo FGTS.
De pouco valeu explicar que a possibilidade de ganhos expressivos era muito maior do que de eventuais perdas.
De lá para cá, muitos conceitos amadureceram e já há o embrião de uma nova cultura de fundos, trazendo novas maneiras de estabelecer controles e reduzir os riscos de perdas.
Uma das maneiras são os fundos compartilhados -tendência que vem sendo estimulada pelo BNDES. Constitui-se um fundo com recursos do BNDES, de bancos de negócios e de outras entidades. Decisões de investimentos e riscos são compartilhados.
Esse é o grande trunfo dos fundos: tornar disponíveis para o conjunto de acionistas as mesmas possibilidades acessíveis aos grandes investidores.
Tome-se o caso do setor de autopeças. Os trabalhadores da área decidem transferir seu FGTS para um fundo setorial, com o objetivo específico de investir no setor.
Mas a escolha das companhias a receber o investimento será efetuada tecnicamente, com a decisão sendo compartilhada com outros investidores que participarem do empreendimento -e que têm em comum a segurança e a rentabilidade das aplicações.
Outra defesa eficaz será a permissão para a chamada portabilidade das cotas. A cada período previamente definido, o trabalhador poderá optar por transferir seus recursos para outros fundos.
Esse mecanismo obrigará os fundos a ser transparentes e eficazes na gestão de suas carteiras.
Enfim, tem-se o modelo definido. Falta apenas os sindicatos entenderem o alcance dessas transformações e pleitearem a transformação efetiva de todo o FGTS em fundos de investimento.

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