São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Idéia errada; Tempo limitado; Porto de Itajaí; Erro imperdoável; Mitos e verdades; Salários na berlinda; Crime contra a humanidade

Idéia errada
"Sobre a reportagem 'Nível de pobreza se mantém no Chile' (10/10): ao ler tal texto, pode-se constatar que o título não corresponde à informação, criando dessa maneira uma idéia errada no leitor, já que a notícia refere-se a uma pesquisa sobre como os chilenos percebem a pobreza e não a cifras ou aos níveis efetivos de pobreza em meu país.
Devo assinalar que desde 1990, ano em que a democracia retornou ao Chile e em que o presidente Patricio Aylwin assumiu o governo, uma das principais preocupações do Estado chileno tem sido a luta contra a pobreza, tarefa que está sendo continuada pelo atual presidente do Chile, Eduardo Frei.
Recentemente o presidente Frei destacou que 44% dos chilenos viviam em condições de pobreza em 1987, situação que diminuiu para 28% em 1994 e que se projeta baixar a 24% este ano.
Essas cifras comprovam que a pobreza no Chile diminuiu consideravelmente e provavelmente seguirá esse descenso, posto que mais de 65% do orçamento da nação destina-se atualmente à área social, com ênfase aos setores de educação, saúde e habitação.
Em todo o caso o governo chileno acredita que nosso país continua tendo sérios problemas de desigualdade de distribuição de renda e pobreza (daí talvez a percepção revelada pela pesquisa de que a pobreza não tem variado), cuja redução e eventual eliminação não somente constituem um desafio econômico-social urgente, se não um imperativo moral."
Heraldo Muñoz, embaixador do Chile (Brasília, DF)

Tempo limitado
"Em relação à reportagem sobre saúde no caderno Eleições 96 de 20/10, devo esclarecer que em nenhum momento afirmei que faltou vontade política ao prefeito Maluf para implantar algumas propostas quando do meu termo como secretário municipal da Saúde.
Comentei, isso sim, que vários projetos não chegaram a se concretizar pelo tempo limitado que fiquei à frente da Secretaria. Quanto ao PAS, apesar de aspectos positivos, não se pode deixar de apontar alguns de seus problemas.
O comentário que fiz quanto à metodologia de implantação não é o mais importante, como salientei para o repórter, mas sim o fato de que os custos parecem bastante elevados para um modelo que não está oferecendo atenção integral à saúde, além de que, até o momento, não houve sinais de que com o PAS se pretenda levar adiante o processo da municipalização da saúde, base para a efetiva implantação do SUS."
Raul Cutait, secretário municipal da Saúde de janeiro a agosto de 93 -gestão Paulo Maluf (São Paulo, SP)

Porto de Itajaí
"Com referência ao artigo 'Faltam investimentos', do sr. José Horacio Galli de Freitas (5/10), temos a informar que o porto de Itajaí não opera com barcos pesqueiros.
Nossas atracações são compostas por navios 'full-conteiners', Ro-Ro, carga geral e 'reefers'.
Informamos ainda que o porto de Itajaí ocupa no ranking nacional o primeiro lugar nas exportações de frango congelado e o quarto lugar na exportação de produtos conteinerizados. Além de ter um dos custos mais baixos do país e o porto de maior agilidade."
Marcelo Werner Salles, administrador do porto de Itajaí (Itajaí, SC)

Erro imperdoável
"Nós, mulheres indígenas de várias etnias, estamos indignadas com a Folha, que apresentou sem escrúpulos os seios da índia kanela (16/10), durante uma belíssima apresentação de abertura dos Jogos dos Povos Indígenas, realizados em Goiânia, não se preocupando por ferir uma cultura 'primitiva', como se para a sociedade não tivessem valor as culturas diferenciadas.
Lamentamos que um jornal de grande destaque e conceituação possa cometer um erro imperdoável, de não aceitação de cultura. As índias são sinceras e sem malícias."
Inezita Manoel da Silva, índia terena, seguem-se mais 27 assinaturas (Goiânia, GO)

Mitos e verdades
"Pela primeira vez a imprensa brasileira, por meio da Folha, faz um painel completo e esclarecedor sobre as medidas sócio-educativas previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, revelando mitos e verdades nos ataques que se fazem ao ECA e sobre a omissão dos governos federal e estaduais na implementação das medidas previstas pela lei.
A Andi -Agência de Notícias dos Direitos da Infância- gostaria de parabenizar toda a equipe que se envolveu na produção do excelente material."
Geraldinho Vieira, diretor-executivo da Andi -Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Brasília, DF)

Salários na berlinda
"Sobre o editorial "Em busca do emprego perdido": a Folha, fazendo coro aos que cinicamente pregam a 'flexibilização' dos salários como fórmula para não pôr obstáculos ao crescimento econômico, agiganta-se como porta-voz da modernidade de nosso capitalismo selvagem e cínico -o único e exclusivo culpado pelos problemas econômicos quer seja do Brasil ou da Argentina é o salário.
Gostaria que a Folha respondesse: se diminuirmos os salários, como fica o mercado interno? Ou este não interessa? Como fica a arrecadação de impostos? Ou esta é inversamente proporcional ao consumo?
E o que dizer das empresas que passam por dificuldades financeiras? O importante desse argumento é que quanto maior é a dificuldade econômica porque passam as empresas, maior é a fortuna pessoal amealhada por seus proprietários.
Por que a Folha também não mostra esse outro lado? Por que agiganta-se apenas contra os salários?"
Edgard Alves Feitosa (Porto Velho, RO)

Nota da Redação - A Folha defende um mercado de trabalho eficiente e o combate ao desemprego, não qualquer política de redução de salários.

Crime contra a humanidade
"Qual o critério utilizado pelo governo para julgar certos indivíduos aptos a obterem permissão para privatizar a educação? Decerto que o caráter não é levado em consideração.
A mesma pergunta poderia ser feita no caso dos planos de saúde. O Estado, que tem o dever de assegurar uma política digna referente à saúde da população, prefere se abster de suas obrigações, entregando essa tarefa a grupos de vampiros que enriquecem com o sofrimento e a morte de dignos compatriotas brasileiros.
Esses genocidas, 'médicos do infortúnio', deveriam ser julgados por crimes contra a humanidade."
Ricardo Wolkoff (Recife, PE)

Texto Anterior: Nada de muro no segundo turno
Próximo Texto: ERRAMOS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.