São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Rio e EUA se assemelham

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Especialista em atendimento a baleados, o médico norte-americano Willian Long, 37, disse que a violência associada ao uso de arma de fogo é hoje, nos EUA, a primeira causa das mortes de adolescentes.
Um dos palestrantes do 2º Congresso Internacional de Ortopedia e Traumatologia -a ser realizado no Rio de amanhã a sábado-, ele disse que anualmente, em todo os EUA, são baleados cerca de 250 mil pessoas -40 mil morrem.
Professor da universidade de South California e ortopedista do centro médico King/Drew, em Los Angeles, Long disse que são atendidos no hospital cerca de 2.000 baleados por ano.
Long disse ter ficado espantado com a semelhança dos dados de que dispõe com os que serão apresentados, no congresso, pelo pediatra e ex-diretor do hospital municipal Miguel Couto Paulo Pinheiro.
Segundo Pinheiro, também no Rio a incidência de lesões causadas pelo uso de armas de fogo se dá principalmente entre jovens. "De janeiro a agosto desse ano, de um total de 154 feridos, 67 tinham menos que 18 anos", relatou. No hospital Miguel Couto, as estatísticas anuais desse tipo de ferimento crescem a cada ano. Em 1985, o hospital atendeu 80 baleados. Em 95, o número de atendimentos foi de 542 casos. A mortalidade chega a 10%.
Para Pinheiro, os jovens feridos são em maior número por frequentar eventos de grande concentração, como bailes funks e shows na praia. A cada ano, os jovens atendidos no hospital com até 18 anos representam cerca de 24% dos casos. Eleito vereador pelo PPS, Pinheiro afirmou que vai dar entrada em projeto de lei para obrigar a revista, com detectores de metais, em locais com grande concentração de gente.
As sociedades brasileiras de pediatria e de ortopedia e traumatologia aproveitarão o congresso no Rio para lançar uma campanha nacional pelo desarmamento geral da população.
O crescimento do número de baleados também assusta as autoridades alemãs. O traumatologista Hans Fuchs, 43, convidado para o congresso, disse que, de 89 até agora, cresceram em 200% os casos de baleados em Berlim.
O aumento da violência em geral, após a queda do muro de Berlim, se deu, segundo ele, por causa da atuação da máfia russa.

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