São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 1996
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Casal FHC e Ruth Cardoso influencia as ciências sociais

Primeira-dama é a 'campeã' em mestrandos em ciência política

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU (MG)

Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e presidente da República, e Ruth Cardoso, antropóloga e primeira-dama, ainda são um casal influente nas ciências sociais brasileiras. É o que se pode concluir de um rápido cruzamento de dados utilizando as informações coletadas pela pesquisadora Christina de Rezende Rubim, da Universidade Federal de Uberlândia (MG).
Rubim, que está no 20º encontro da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), em Caxambu (MG), reuniu o maior e mais completo banco de dados sobre a produção das ciências sociais brasileiras de 68 a 94 para sua tese de doutorado na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Os dados mostram que Ruth foi quem mais orientou dissertações de mestrado em ciência política, levando-se em conta o universo das principais universidades brasileiras com pós-graduação na área (UnB, USP e Unicamp). Ruth orientou 8,54% das dissertações.
Já seu marido está em 13º lugar entre os autores nacionais mais citados nos mestrados de antropologia, com 46 citações, apesar de ser sociólogo. O antropólogo mais citado é Roberto Da Matta, com um total de 314 citações.
Esses números são curiosidades tiradas da base de dados, cujo valor é bem mais amplo. Por ela é possível traçar um panorama detalhado da ciências sociais brasileiras. "Os dados mostram que a pós-graduação foi um sucesso no Brasil", diz Rubim.
Ela argumenta não só com números -por exemplo, até 94, 1.079 mestrados e 399 doutorados em antropologia social, na UnB, USP, UFRJ e Unicamp-, mas com a importância das pesquisas.
Apesar de concentrados em instituições do Sudeste, os temas de pesquisas se espalham por todo o Brasil.
Na antropologia, têm ganho mais destaque estudos de antropologia urbana (25,65%), etnologia (18,32%), e religião (11,06%).
Rubim mostra também que os tempos médios para fazer um mestrado ou doutorado nessas áreas, que já foram muito altos (mais de cinco ou seis anos), hoje já caíram. Ninguém mais em ciências sociais faz mestrado em mais de três anos, e a média de um doutorado caiu para quatro anos, diz ela.

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