São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
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Sindicalistas dão ajuda financeira a Erundina em troca de vantagens

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindsep) aprovou uma proposta para que cada um dos seus filiados repasse o dinheiro equivalente a um dia de salário para a campanha de Luiza Erundina, candidata do PT.
Além dessa ajuda financeira direta, os principais sindicatos de funcionários, ligados à CUT, montaram comitês paralelos para ajudar a petista nas suas atividades desde o início da corrida eleitoral.
As entidades apostam em vantagens para a corporação em um eventual retorno de Erundina à Prefeitura de São Paulo.
A estabilidade no emprego é a principal meta no momento. Na atual administração de Paulo Maluf, o quadro de funcionários ativos caiu de 141.967 (final da gestão Erundina) para 119.855.
Com um governo petista, os sindicatos esperam pelo menos, segundo apurou a Folha, manter essa estrutura do serviço público.
Embora estejam engajados e solidários à campanha de Erundina, a memória da relação dos funcionários com a ex-prefeita foi marcada por insatisfações e conflitos.
Na gestão Maluf, o sindicalismo não mostrou o mesmo fôlego nos seus protestos.
Estilo Maluf
Sem tolerar manifestações contrárias, Maluf tem demitido e acionado na Justiça até os próprios dirigentes sindicais.
É o caso, por exemplo, de Cláudio Fonseca, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Municipal, processado sob acusação de calúnia -teria chamado Maluf de "mentiroso" em discussão sobre salários.
"É uma política de perseguição", disse Fonseca. "O sindicato deve manter a sua independência política, mas no governo Erundina havia liberdade de manifestação", afirmou.
Para os assessores do prefeito Maluf, não existe perseguição aos sindicalistas, mas uma orientação para que as greves não prejudiquem a rotina dos paulistanos.
Financiamento
Em uma assembléia realizada no último sábado, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais tomou uma decisão que virou polêmica entre os próprios sindicalistas que apóiam Erundina.
O Sindsep pretende que cada um dos seus 20 mil filiados doem o correspondente a um dia de salário aos cofres da campanha do PT, que passa por dificuldades para fazer a campanha no segundo turno.
Segundo a assessoria da direção do Sindsep, a contribuição não é obrigatória, mas uma decisão política aprovada pela categoria e que deve ser seguida.
Devido à grande variação de níveis salariais, os líderes do sindicato ainda não têm uma estimativa de quanto devem arrecadar para a campanha petista.
Professores
A decisão do apoio financeiro direto à candidata tem sido criticada pelos diretores do Sindicato dos Professores. Para estes sindicalistas, essa forma de ajuda fere a independência sindical.
Erundina propõe adotar a proposta de contrato coletivo de trabalho. Segundo a candidata, o projeto vai regular o relacionamento com os servidores e será suficiente para resolver os conflitos.

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