São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
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Sem recursos, PM pede ajuda aos clubes

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Militar negocia uma parceria com os clubes para fazer a segurança dos estádios de futebol.
Com recursos escassos, a PM quer ajuda da iniciativa privada para proteger o torcedor comum.
Para o Campeonato Paulista de 97, os clubes e a federação estudam destinar recursos à PM com o objetivo de aprimorar a segurança.
"Qualquer ajuda é bem-vinda, mesmo que não seja uma verba destinada diretamente à polícia", disse o tenente Marco Aurélio Valério, do 2º Batalhão da Polícia de Choque de São Paulo.
"A Federação quer a família nos estádios, mas ela só voltará se o policiamento for 100%. Para isso, precisamos da iniciativa privada."
Segundo o tenente Valério, a ajuda já existe, mas é esporádica. "A Federação Paulista, por exemplo, doou dez bafômetros que não tínhamos recursos para comprar."
Uma das hipóteses cogitadas pelos clubes foi dividir o policiamento, utilizando segurança privada.
"Em bons jogos, usamos de 300 a 400 policiais, metade do nosso contingente", lembrou o tenente.
Por cada policial em serviço em campos de futebol, o Estado recolhe duas Ufirs (cerca de R$ 1,77). "Mas o dinheiro não vai necessariamente para a polícia."
A maioria dos policiais do 2º Batalhão de Choque ganha cerca de R$ 600,00 por mês.
Um dos pedidos da PM aos clubes é a instalação de circuitos internos de TV nos estádios. "Facilita nosso trabalho, pois fica mais fácil identificar os infratores."
"Os estádios paulistas foram maqueados, mas precisam de reformas estruturais. Para ter segurança, o clube deve investir."
O intermediário
Na parceria entre polícia e clubes de futebol, o promotor Fernando Capez deve fazer o papel de intermediário.
Capez, que combate a volta das torcidas organizadas aos estádios, foi nomeado pelos clubes presidente da Comissão de Orientação e Segurança da Federação Paulista.
"Sem as organizadas, diminuíram as ocorrências policiais, mas o público, por causa da TV, do baixo nível dos espetáculos ou do medo de violência, também sumiu."
"Em 97, medidas como os bolsões de estacionamento perto dos estádios, shows infantis e outros mais vão voltar a lotar os campos."
"Um esforço unificado de clubes, federação e PM é a forma de, com estádios lotados, impedir a volta da violência."
Com a presença das torcidas organizadas no Paulista-95, quando a média de público foi de 6.712 por jogo, o número de ocorrências policiais foi de oito por partida.
Sem as uniformizadas, o número caiu para uma por jogo no Paulista-96, com média de público de 5.934 torcedores por partida.

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