São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
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"Mondo Cane"

GUSTAVO BERG IOSCHPE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Confesse: não há dias em que, ao acordar, ainda zonzo pelo bafo do café tomado na madrugada anterior, você se acha vítima de um complô universal?
Diga a verdade: quando você levanta, resmungando, 20 minutos depois, atrasado e com o cachorro lambendo a sua orelha, e lembra que tem um trabalho para entregar, uma prova de termodinâmica no dia seguinte, uma aula de cursinho de noite, um filme com a namorada mais tarde e um jantar com seus avós no meio de tudo isso, dá ou não dá a impressão de que está todo mundo contra você?
Pode se acalmar, então, porque é normal. Se tem uma constante que não muda em ano de vestibular é a pressão, o famoso estresse.
Pressão dos familiares para ver a sua aprovação, preocupação por não saber direito o que você vai fazer da vida e a pressão que você mesmo se impõe para passar no exame (já que ninguém é tão masoquista de querer ficar fazendo vestibular até os 30 anos de idade), somadas a outros tipos de cobranças, fazem parte da vida de vestibulando. Aprender a lidar com essa panela de pressão é fundamental se você pretende chegar ao vestibular sem ter um colapso.
O primeiro passo é notar quando a pressão está se acumulando perigosamente. Exemplo: o médico manda dizer 33, e você responde -b+- V(b² - 4ac)/2a. Perigo iminente.
Você tem de notar quando esse tipo de reação estranha (não, não é normal) está acontecendo e fazer alguma coisa que deixe você mais calmo.
Achar uma atividade em que você possa descarregar as tensões é imprescindível, desde cedo. É claro que tem de ser algo que seja saudável para você e para os outros.
Por isso bater a cabeça na parede, espancar o professor de matemática ou sequestrar um membro da banca examinadora são medidas proibidas (especialmente bater a cabeça, tão "útil" na hora da prova e depois da reprovação).
Há várias formas saudáveis de relaxar a tensão, em atividades que não exijam muito de você e tragam boas recompensas como... ser deputado federal, por exemplo.
Fora de gozação, faça uma ioga, plante bananeira, faça algum esporte, vá a uma massagista (uma de verdade, ô pervertido). E se quando ela perguntar "Como vai?" você responder "Em movimento retilíneo uniformemente variado", diga para ela dar um tapinha em suas costas, para ver se você desencalha.
Vestibulando é isso. Melzinho na chupeta, só na novela das oito.

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