São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
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BANDAS PELO MUNDO

PEDRO ALEXANDRE SANCHES

"First Band on the Moon", The Cardigans (Mercury, importado) - A Suécia, país que já nos legou Abba e Roxette, volta a atacar. A banda The Cardigans, liderada pela garota Nina Persson, é hoje o mais badalado produto nórdico de importação para o mundo. Mas não se assuste: o padrão desta vez não é o da cafonice pura e simples dos espécimes anteriores.
"First Band on the Moon" é já o terceiro disco do quinteto (formada há quatro anos por Nina e quatro rapazes), mas a projeção para além da terra natal só se consumou depois do disco anterior, "Life" (95), que incluiu "Carnival", hit de rotação considerável na MTV.
De lá para cá, o grupo vai conquistando o mundo, e o novo disco é sério candidato a ampliar a expansão. É diferente do antecessor, que impressionava pelo poder melódico de parques de diversão em três minutos como "Carnival", mas exagerava no açúcar da voz infantil de Nina e acabava enjoando.
Agora, a banda resolveu privilegiar a massa sonora, limando os excessos vocais. O que se vê, então, são castelinhos pop bem construídos, como "Your New Cuckoo" ou "Been It".
Cercando a massa sonora, a banda mostra sua cara: não foge do estigma sueco, em composições pelo menos 60% cafonas.
Acontece que a cafonice é proposital, sardônica, sarcástica. Tiram de coisas como a disco music (de Tina Charles e sua "Dance Little Lady Dance"), a new wave dos 80 (Spandau Ballet e sua "True") e a new bossa (de Everything But the Girl nos 80) a matéria-prima para inventar um pop dos mais batutas, como convém aos citatórios anos 90.
Último ponto a anotar: a fronteira entre as faixas, neste CD, é das mais imaginosas dos últimos anos. Quando a faixa está no melhor momento, há um revertério, e ela parece ficar mais legal ainda -na verdade, começou outra música. Isso acontece, por exemplo, entre a penúltima e a última faixas ("Great Divide" e "Choke"). E o disco termina em alto estilo, convidando-se a virar fenômeno.
(PAS)

"Shape", Frente (Atlantic, importado) - A banda australiana Frente, liderada pela meiga Angie Hart, chega ao seu segundo disco, após o sucesso da estréia com "Marvin The Album" (94), alavancado por cover angelical de "Bizarre Love Triangle", hit de 86 do New Order.
De tradutora da felicidade geral do planeta, Angie tenta aqui passar a porta-voz de uma variedade mais sombria e menos simplória pop.
Isso se deve, provavelmente, à influência da onipresente maçonaria de Bristol -aparentemente predileta de nove entre dez popstars do momento-, que aqui aparece nas faixas "Sit on My Hands" e "What's Come over Me", produzidas por Booga Bear e Johnny Dollar, parceiros (e, no caso do primeiro, marido) de Neneh Cherry desde seu primeiro disco.
É ainda Frente -fútil, algo irrelevante-, agora revestido de verniz chique. Não convence completamente, mas pelo menos é um passo para longe das camélias do início.
(PAS)

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