São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
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Pontos esquecidos; Lei de Cotas; Fuligem; Fim à impunidade; Esclarecimento; Voz própria

Pontos esquecidos
"Li o caderno Eleições 96 de 20/10, que tratou do PAS. Lamentavelmente, a pesquisa de 'contentamento dos usuários' do PAS esquece alguns pontos fundamentais.
O PAS gasta 15% do orçamento total da prefeitura e atende somente 1/3 da população da cidade, em menos de 1/3 das suas necessidades.
O PAS faz apenas triagem médica.
O PAS atende os casos de emergência de menor gravidade e privatiza e terceiriza totalmente o sistema de saúde. Portanto trabalha na contramão da história.
A análise da Folha confunde, como deseja o prefeito Paulo Maluf, contentamento do usuário com satisfação das necessidades de saúde. São duas variáveis completamente distintas."
José Aristodemo Pinotti, deputado federal pelo PMDB-SP (Brasília, DF)
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"Quem leu constatou os méritos no trabalho crítico dos jornalistas que prepararam o dossiê sobre políticas de saúde nas gestões de Erundina e Maluf.
Quanto aos títulos dissonantes com o conteúdo dos textos, tabelas e gráficos, como explicá-los?
Lendo o editorial pró-PAS, que saiu no mesmo dia na página 2 do caderno principal: é o olho do dono!"
Eduardo Jorge, deputado federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

Nota da Redação - Os títulos refletiram o conteúdo das reportagens. A discrepância mencionada na carta é mera opinião pessoal do deputado, parte obviamente interessada na eleição. A Folha considera o PAS uma experiência inovadora que merece ser aperfeiçoada, mas julga que ainda é cedo para qualquer avaliação conclusiva.
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"É difícil acreditar que o rabo preso da Folha é com o leitor. A não ser que ela considere Paulo Maluf 'o' leitor.
Em 19/10, a manipulação da informação foi grosseira ao se comparar o transporte coletivo do tempo de Erundina com o de Maluf.
Em 20/10, a Folha repetiu a dose: disse que na gestão petista faltavam médicos nos hospitais.
Se nossos coleguinhas consultassem os arquivos da própria Folha, veriam que os nobres vereadores malufistas se juntaram aos do PSDB e outros para obrigar a prefeitura a demitir os funcionários de hospitais contratados provisoriamente.
É por ver tanta sordidez a serviço da direita que, mesmo sendo a favor do voto nulo (o PT de São Paulo já era), voto contra o malufismo."
Mouzar Benedito da Silva (São Paulo, SP)

Lei de Cotas
"Nem sempre os grandes avanços podem ser medidos a curto prazo e, muito menos, por análises meramente factuais. É o caso da 'Lei de Cotas', analisada parcialmente pela reportagem da Folha (20/10).
Essa lei possibilitou a candidatura de 78 mil mulheres no Brasil, um aumento extraordinário da participação feminina. As muitas candidatas que não se elegeram tiveram oportunidades de prática política e, futuramente, se candidatarão. Aliás, situação bastante comum para homens, mas bem mais difícil para as mulheres.
Nenhuma atividade ou negócio começa sem enorme investimento. Será assim com as mulheres candidatas, como tem sido a experiência nos outros países, onde a cota já é lei."
Marta Suplicy, deputada federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

Fuligem
"Na reportagem 'Mudas da 23 de Maio não vão ter primavera' (22/9) há um destaque ('Árvores estão estressadas') onde são dadas explicações sobre o problema, a maioria atribuídas a mim, resultado de uma conversa informal com um repórter pelo telefone.
Gostaria de salientar que parte das informações pode passar uma idéia errônea ao leitor, quando refere-se aos problemas do impedimento das trocas gasosas pela fuligem nas folhas.
Mais do que a absorção do oxigênio, a fuligem impede a entrada do gás carbônico para a fotossíntese, o que diminui grandemente o crescimento das plantas."
Eny I.S. Floh, do Departamento de Botânica da USP -Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Fim à impunidade
"O bárbaro assassinato do advogado Francisco Gilson Nogueira de Carvalho, do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP), de Natal (RN), atinge todos aqueles que na sociedade civil e no governo brasileiro defendem os direitos humanos e o império da lei.
O dr. Francisco Gilson foi abatido por ter denunciado o grupo de extermínio que atua dentro do aparelho policial do Rio Grande do Norte e por ter defendido as vítimas dos crimes cometidos por policiais.
É necessário e urgente que o sr. governador Garibaldi Alves Filho afaste imediatamente de suas funções os policiais denunciados por crimes de extermínio pelo Ministério Público e que atue com firmeza para pôr fim à impunidade em seu Estado."
Paulo Sérgio Pinheiro, diretor do Núcleo de Estudos da Violência da USP e da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos (São Paulo, SP)

Esclarecimento
"A respeito da reportagem 'Clarity pára de franquear e passa a ser distribuidora' (13/10), a empresa vem esclarecer que em nenhum momento durante a entrevista feita pela repórter Priscila com o diretor-superintendente da empresa, José Maria Oliveira, foi colocada pela jornalista a denúncia que o jornal havia apurado sobre o suposto processo de dez ex-franqueados contra a Clarity.
A reportagem, que inicialmente foi apurada pela repórter com o foco da mudança de perfil da empresa no mercado de cosméticos, com a sua entrada no sistema de venda direta, se transformou numa denúncia contra a Clarity sem que ela tivesse chances de se defender devido à má conduta da repórter.
Acrescentamos ainda que oficialmente a Clarity não recebeu nenhuma comunicação judicial sobre processos de ex-franqueados contra a rede."
José Maria Oliveira, diretor-superintendente da Clarity (Rio de Janeiro, RJ)

Nota da Redação - Leia seção "Erramos" abaixo.

Voz própria
"A Folha publicou na edição de 11/10 reportagem sobre a crise entre os índios waimiri atroari e a mineração Taboca do grupo Paranapanema, na qual meu nome aparece afirmando que os índios não vão liberar a estrada interditada enquanto a referida empresa não pagar o valor por eles exigido, dando a idéia de que é uma posição minha ou da equipe que trabalha com eles.
É preciso ficar claro que tal posição é dos índios, sem que ninguém os tenha insuflado.
O papel do Programa Waimiri Atroari (Funai) é simplesmente o de encaminhar as reivindicações dos índios e se fazer presente para evitar conflitos e atos de violência."
Henrique Cavalleiro, indigenista do Programa Waimiri Atroari (Manaus, AM)

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