São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996 |
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A empada e a azeitona
CARLOS HEITOR CONY Rio de Janeiro - Do noticiário de anteontem, na Folha: "O presidente Fernando Henrique reúne ministros hoje (ontem) para tentar conter a insatisfação pela falta de verbas. FHC quer também demonstrar que o governo não estaria paralisado por causa da negociação da emenda que pode permitir a reeleição para a Presidência da República".E agora a jóia das jóias do nosso Acácio presidencial: "Para compensar a escassez dos recursos, FHC pedirá aos ministros mais criatividade e eficiência na administração das verbas públicas". Já contei a história do técnico do Madureira Atlético Clube, que veio de não sei onde com fama de grande estrategista do futebol. Sua estréia foi contra o Vasco, em São Januário, o Vasco meteu cinco, faltavam dez minutos para o jogo acabar. Houve uma interrupção motivada pela contusão de um goleiro e o inspirado técnico conseguiu transmitir a nova ordem a seus pupilos: "Criatividade! Vamos apelar para a criatividade!" Estamos lembrados de que, durante a campanha eleitoral, FHC prometeu repetir o dinamismo de JK com suas 30 metas. Tirante aquela baboseira que o Kandir anunciou há meses -e que nem vale o preço do papel em que foi escrita-, a única meta do presidente é reformar a Constituição, que ele jurou acatar, a fim de ser reeleito. Custa caro um projeto desses, mais do que cinco Brasílias juntas e superfaturadas. Para isso, as verbas terão de ser malocadas nos grotões da administração pública. A torneira só será aberta para regar os votos que FHC precisará no Congresso, e, depois, fora do Congresso. Fica barato reunir o ministério e pedir criatividade. Afinal, entre os ministros, pode haver alguns que estão chateados com o papelão que mancha a biografia deles: são obrigados a mentir diariamente sabendo que nada poderão fazer. Estão sendo pagos para botar azeitona na empada presidencial. Texto Anterior: ACM quer o governo Próximo Texto: Política do impossível Índice |
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