São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 1996
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FHC nega intenção de mudar ministério

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS DUMONT (MG)

O presidente Fernando Henrique Cardoso descartou ontem, em visita a Santos Dumont (210 km de Belo Horizonte), a possibilidade de realizar em breve uma reforma ministerial.
FHC disse que não pretende mudar ministros em função de negociações feitas pelo governo com partidos e políticos.
"Não vou mexer em ministério nenhum. Podem tirar o cavalo da chuva", afirmou o presidente após visitar o museu Casa de Santos Dumont, na fazenda Cabangu, onde nasceu o pioneiro da aviação Alberto Santos Dumont.
Ontem, a Folha revelou que, na avaliação do Palácio do Planalto e de lideranças governistas, as disputas pelas presidências da Câmara e do Senado podem antecipar mudanças ministeriais.
O objetivo seria acomodar e reaglutinar a base governista no Congresso. Os novos ministros serviriam para auxiliar o presidente a assegurar votos para a aprovação da emenda da reeleição.
Negociar
Fernando Henrique pediu aos jornalistas que deixem de usar a palavra negociar ao falarem sobre os contatos políticos mantidos pelo Palácio do Planalto.
"Faço um apelo: não usem mais a expressão negociar. Não há nenhum ministério a negociar. Ministério é decisão minha, pessoal, como sempre foi e continuará sendo", disse FHC.
O presidente afirmou que poderá vir a estudar uma mudança ministerial "quando a opinião pública desejar alguma coisa diferente, pelo desempenho administrativo ou pela necessidade de uma base política". "E tenho tudo isso nesse momento", disse.
"Os ministros estão indo muito bem. Estão todos firmes. O Brasil cansou dessa história de cair ministro. Nós temos que cair é na realidade e a realidade é o trabalho."
FHC defendeu que o Congresso, no ano que vem, comece a debater a realização de uma reforma política. Afirmou que é favorável a adoção do voto distrital misto.
"Acho que o Congresso deveria discutir essa matéria. Qual o melhor sistema eleitoral para o Brasil? O voto distrital misto é proporcional, permite que as minorias tenham presença, não exclui. Acho que é algo mais avançado", disse.
Outra ponto abordado por ele foi o da organização partidária. Segundo FHC, "não há partido sem fidelidade partidária". Defendeu "uma meditação" sobre a questão da eleição em dois turnos.
Para FHC, a experiência demonstrou que o segundo turno tem sido "em muitos casos um embaraço, em outros não".
FHC recebeu em Santos Dumont o Grande Colar da Medalha Santos Dumont e a comenda Alberto Santos Dumont. Anteontem, completaram-se 90 anos do primeiro vôo do 14 Bis, pilotado por Santos Dumont em Paris.
Antes de viajar para Salinas (MG), o presidente falou com Anésia Pinheiro Machado, 92, primeira mulher a pilotar um avião, em 1922, e com Ilda de Andrade, 81, a mais velha prefeita eleita do país. Ela se elegeu em Arcos (MG).

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