São Paulo, sábado, 26 de outubro de 1996
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Poeta leva paulistas a viagem pelo Japão

CASSIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Muitos dos que viram o poeta Gozo Yoshimasu entrar no auditório do MAC, no prédio da Bienal, anteontem à noite, não esperavam que daquele oriental pequenino, escondido atrás de um pesado casaco preto, viriam tantas erupções poéticas.
O publicitário Victor Rebouças, por exemplo, definiu as criações de Yoshimasu como as "manifestações poéticas mais energéticas" que já viu.
O japonês, que é considerado um dos maiores poetas do mundo, declamou quatro longos trabalhos no recital que começou às 20h45, com 1h15 de atraso.
Um público de cerca de 80 pessoas esperou com fidelidade.
Depois da introdução, em que Haroldo de Campos disse que Gozo "escapa da poesia texto para a poesia do som", Yoshimasu levou a platéia para uma viagem de trem pelo Japão com o texto "A Garota Solitária...".
Campos, com 46 anos de "janela poética", mostrou "transcriações" das obras do autor para o português. Entre uma e outra poesia, a mulher de Yoshimasu, a brasileira Marilia, cantou duas composições baseadas nas linhas vanguardistas do poeta.
O publicitário Rebouças, sua mulher e dois filhos portavam lanternas nas mãos. Atendendo a pedido do casal nipo-brasileiro, o quarteto iluminava a performance dos dois poetas, da cantora e do músico Alberto Marsicano, que "arredondava" as poesias com dedilhados orientais de cítara.
"Uns fazem poesias com palavras, Gozo faz com frases", disse a artista plástica Tomie Ohtake.
Nas frases de "Na Entrada da Casa dos Fogos", Gozo homenageou São Paulo, cidade em que morou por dois anos. Jacarandá, "abenida Rebouças" e galinha são algumas das palavras da poesia japonesa do autor.
No final da noite, Yoshimasu agradeceu a platéia com poesia composta anteontem pela manhã. Em "As Matas da Garoa", mostrou a corrida da humanidade, que, "quando começou a caminhar, também já pensava em correr dando um passo atrás".
(CEM)

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