São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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'Curdled' realiza comédia sobre cadáveres

ADRIANE GRAU
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM SAN FRANCISCO

Em 1992, quando Quentin Tarantino ainda não era conhecido como um dos mais promissores diretores de cinema do eixo Nova York-Los Angeles, ele foi mostrar seu "Cães de Aluguel" no Mystery and Suspense Film Festival em Viarregio, Itália.
Acabou assistindo ao curta-metragem "Curdled, Jr.", feito por Reb Braddock e John Maass, dois estudantes da Florida State University. A protagonista do curta era a então desconhecida Angela Jones.
Tarantino gostou tanto da interpretação dela, como uma garota colombiana que cresce fascinada por assassinatos e sonha em estar presente em cena de crimes, que escreveu um papel para ela.
Foi assim que na pele da motorista de táxi Esmeralda Villalobos, Jones resgatou Bruce Willis da morte certa por traição após a luta de boxe em "Pulp Fiction". Mas Braddock e Maass não foram esquecidos.
Receberam a mão estendida do então desconhecido e a promessa de que se ele alcançasse o sucesso, os ajudaria a transformar "Curdled, Jr." num longa-metragem.
Filmada em quatro semanas no começo do ano, com um orçamento de US$ 2,5 milhões e tendo Quentin Tarantino como produtor executivo, a comédia negra "Curdled" (coalhado), estrelando Angela Jones e William Baldwin, entrou em cartaz nos EUA em 4 de outubro.
O diretor Reb Braddock recebeu a reportagem da Folha em San Francisco, tendo ao lado Angela Jones, e revelou que seu próximo filme será uma trama sobre mafiosos brasileiros refugiados em Miami.
"Será sobre um psiquiatra criminalista que adora romances policiais e acaba se dedicando 24 horas por dia a uma família de mafiosos brasileiros", explica Braddock.
"Eles tiveram que deixar o Brasil porque estavam sendo perseguidos por justiceiros e são uma família de criminosos do colarinho branco que ganha na loteria toda semana."
A história é parte do fascínio de Maass pelo Brasil, onde chegou a morar por três anos. "Queremos conseguir Sônia Braga para o papel principal, mas também queremos pesquisar no país para preencher outros papéis", completa.
Segundo Angela Jones, a espera entre a realização do curta e do longa-metragem foi tão longa que, assim como sua personagem, ela também acabou se tornando um pouco obcecada por crimes e criminosos.
Para realizar com veracidade o papel de uma faxineira que trabalha numa empresa que limpa cenas de crime, Jones, Braddock e Maass chegaram a carregar um beeper durante algum tempo, esperando que uma dessas empresas os chamasse para ir a uma das tarefas. "Mas nunca deu certo", diz Braddock.
"Chegamos a ir a um necrotério e ver seres humanos pendurados pela orelha, que nos deu mais informação do que precisávamos", avisa. "O lugar era tão terrível que a única maneira de encarar era encontrando o lado cômico."
A idéia de mostrar uma personagem que corre atrás de um emprego tão soturno veio de John Maass. "Ele descobriu o assunto por que na Flórida há muitos aposentados que moram sozinhos. Quando eles morrem, às vezes demoram semanas para descobrir o corpo, por isso há empresas que lidam com isso".

Filmes: Curdled
Quando: hoje, às 23h, no Cinesesc

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