São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996 |
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Os "Gaviões" e os economistas
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Suspeito que o Corinthians tem menos a ganhar com o conselho de economistas criado para reorganizar suas finanças do que os próprios economistas.Não que desconfie da capacidade deles, pelo menos dos dois que mais ou menos conheço, Luís Paulo Rosemberg e Ibrahim Eris. Ao contrário: são até brilhantes, embora discorde muitas vezes do que pensam e, quando estiveram no governo, do que fizeram. O problema é que os economistas, com uma ou outra exceção, viciaram-se em números e parecem ter esquecido as pessoas de carne e osso. Estas são afastadas do seu universo mental como se fossem, na verdade, apenas obstáculos para que se chegue, por exemplo, a contas públicas equilibradas, que, com certeza, trariam orgasmos múltiplos tanto a Rosemberg como a Eris. No Corinthians, não vai ser assim. Que os dois tentem fazer a instituição produzir um baita lucro, mesmo que fique sem vencer dois campeonatos sucessivos. Se perderem só a reputação, e não a vida, já é lucro. Futebol, talvez mais até do que o restante das atividades humanas, é um campo em que o conceito de bons resultados difere razoavelmente do que se aplica nas empresas ou mesmo no governo. Se, para obter bons resultados financeiros, o Corinthians de Eris, Rosemberg e cia. tiver que vender, digamos, Marcelinho Carioca, duvido que a torcida aplauda os economistas, ao contrário do que ocorre no universo empresarial, em que a tal de reengenharia impõe cortes às vezes selvagens. Uma coisa é fazer projeções, previsões, contas, no aconchego de um escritório, em que a palavra emoção simplesmente é banida, e outra é fazer a mesma coisa tendo o bafo quente da "Gaviões da Fiel" no cangote. Por mim, torço, como bom palestrino, para que os dois salvem as finanças corintianas, mas enterrem o time de uma boa vez. Texto Anterior: EVOLUÇÃO LENTA Próximo Texto: Perspectiva de poder Índice |
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