São Paulo, domingo, 27 de outubro de 1996
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Merchandising chega a 'Xica da Silva'

ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Manchete encontrou uma fórmula para inserir merchandising na trama de "Xica da Silva". Como os anunciantes dificilmente conseguem encaixar seus produtos no contexto de uma novela de época, a emissora desenvolveu um novo formato de comercialização.
Chamado de "replay especial", o projeto consiste na repetição de uma cena específica da novela durante o intervalo comercial. A idéia é fazer uma comparação com o século 18 e mostrar como determinado produto "facilita" a vida do telespectador nos dias de hoje.
"Podemos encaixar qualquer produto na trama com a vantagem de não ferir a novela artisticamente", afirma Conrado Nobili, 50, diretor do departamento de Projetos Especiais da Rede Manchete.
O procedimento será o mesmo usado na inserção de merchandising. De acordo com as necessidades do anunciante, o departamento escolherá uma cena para servir de fundo ao replay -em alguns casos, o autor pode criar situações especialmente para a "aparição" de determinado produto.
Segundo Nobili, a emissora planeja inserir um único "replay especial" por capítulo -de preferência no break comercial que vai ao ar logo após a exibição da cena selecionada.
Como acontece em um comercial tradicional, é o cliente que escolhe o apresentador para dar o testemunho. "É uma fórmula inusitada. Aposto que as outras emissoras vão acabar copiando a nossa idéia. As novelas de época têm pouco espaço justamente pela dificuldade de atrair anunciantes", diz Nobili.
Em uma ação de merchandising, o autor, o diretor e os atores envolvidos na cena ganham uma porcentagem sobre o valor pago pelo cliente. "Todos os que participarem do replay, ainda que indiretamente, também vão receber", afirma o diretor.
Para Walter Avancini, 59, diretor de "Xica da Silva", o novo formato de merchandising poderá valorizar a novela ao apresentar uma "proposta cultural". "O replay servirá de ponte entre o presente e o passado."
A ação da novela se desenrola a partir do ano de 1751. A trama gira em torno da relação entre a escrava Xica e o fidalgo João Fernandes, nomeado pelo rei de Portugal como o contratador do Arraial do Tijuco (atualmente, Diamantina, em Minas Gerais).
"O formato é viável e inédito na publicidade. Se for bem feito, chamará a atenção. Só é preciso tomar cuidado para não ridicularizar a época e não acabar como uma sátira", diz Eduardo Monteiro, 28, supervisor de Planejamento de Mídia da agência W/Brasil.
A estréia do "replay especial" ainda não está definida. A emissora planejava apresentar o projeto ao mercado usando um produto da empresa (a revista "Manchete"), mas o formato só será lançado quando o primeiro contrato for fechado. "Estamos aguardando", conta Nobili.

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